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Passarinho

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                Passarinho nasce tentando caminhar. Pouco a pouco vai tentando dar os primeiros passos e não tarda a alçar voo.  Passarinho aprende a voar desde cedo. Se joga do topo da árvore, do prédio, de onde for, e se lança no mundo. Passarinho se acostuma desde cedo a viver em bando. Quando desvia, sozinho, acaba morrendo. Passarinho parece não suportar a solidão. Gente é como passarinho. Demora mais tempo, mas consegue voar. Consegue montar o seu bando e se joga no mundo. Mas tem passarinho que se desvia. Não buscando um novo rumo, sozinho. É que tem passarinho que morre simplesmente porque o mundo lhe é grande ou pequeno demais. Tem passarinho que não chega ao final da jornada. Tem passarinho que deseja muito mais do que simplesmente voar. Passarinho que morre sozinho é porque carrega um mundo inteiro dentro de si. Passarinho, quando morre, se livra das amarras, das regras. E então conquista o (seu próprio) mundo. Tem passarinho que, somente quando morre

O Melhor de Mim

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Música: Wings - Birdy                 A lua minguava. Dentro de mim, algo crescia. Naquele momento, nada me faria melhor do que a luz do Sol, mas eu precisava me contentar com o brilho das estrelas e das poucas luzes acesas na cidade. Meu corpo pedia o chão, minha alma clamava o céu. Eu parecia estar longe de mim mesmo, por tanto tempo que sequer conseguia calcular.                 Eu precisava de um recomeço, de um novo rumo. Eu queria poder voar, da forma mais majestosa que eu conseguisse, para um lugar que só eu conhecesse. E lá estava eu, sozinho, em meio ao vazio e a escuridão da noite, iluminado por tão poucas coisas, mas conseguindo enxergar, pela primeira vez em eras, o que eu mais precisava ver: o meu eu.                 Consegui, naquele momento, enxergar tudo aquilo que fui, o que poderia ter sido e no que eu havia me tornado. As mágoas não eram mais tão dolorosas, tornaram-se aprendizado. Os amores – mesmo os mais cruéis – tornaram-se boas lembranças de um pe

Utopia

Eu queria correr. Correr para as estrelas, para um lugar qualquer, para onde eu puder. Eu quero repousar, descansar, relaxar, respirar; encontrar uma paz que há tão tempo não vejo em mim. Quero rir de bobagens, planejar viagens; quem sabe ter miragens de algum lugar onde eu ainda possa ir? Eu quero essa estúpida esperança que, mesmo não sendo mais criança, insisto em manter. Quero respirar o ar puro, viver em um mundinho só meu, onde essas pessoas... Essas cruéis pessoas... Não possam mais me marcar. Eu quero acordar com toda aquela alegria que, lá atrás, um dia, eu sonhei encontrar. Eu quero um amor de verdade, que me traga felicidade e que eu possa amar. Não quero um amor perfeito, talvez o amor direito, onde a única regra seja aquela estúpida ideia de amar. Eu quero um mundo novo, onde não haja mais maldade, onde a minha felicidade seja o combustível do meu viver. Quero distância dos falsos profetas, do barulho de motocicletas... Onde só eu e eu mesmo possamos viver. Eu quero e

Eu jurei nunca mais escrever...

Se você quer me amar, pode entrar - eu deixo! -, mas promete cuidar de mim? Promete que não vai machucar o meu coração, que não vai me ferir na primeira oportunidade e que não vai partir, do nada, me massacrando com a saudade? Promete que vai estar comigo nos bons e maus momentos, na alegria e na tristeza e em todos os votos que fazemos ao casar? Porque se não for pra ser assim, eu não quero. Não. Não me entenda errado. Eu não quero um casamento logo após o primeiro ou segundo encontro - se é que quero isso -, mas é que não sou homem de viver meias verdades, de fazer joguinhos de sedução, especular gestos, deduzir tantas outras coisas. Gosto do jogo sincero, das cartas na mesa e das roupas no chão. Eu quero um romance de verdade, de carne e osso; onde possamos brigar e, ainda assim, deixar tudo passar com um olhar, um sorriso, um beijo e um sonoro "eu te amo!". Eu quero intensidade, mas não quero irresponsabilidade. Não quero arriscar meu coração nas mãos de alguém que b