Agradecimento ao Tempo



Entre mortos e feridos, entre falsos e sinceros, apenas algumas pessoas permanecem ao nosso lado no decorrer da vida. Muito se fala do tempo e da sua terrível maldição com aqueles que conhecemos: muitos se vão de uma forma única, lenta e gradual; outros permanecem conosco; mas ainda há aqueles que se vão pelas mentiras, falsidades e mágoas. Estes, o tempo leva com a mesma intensidade de um trovão: a qualquer momento e de forma rápida, abrupta e devastadora.

São poucas as pessoas que permanecem ao nosso lado durante a jornada da vida. Ou seria a jornada do tempo?

Sempre me perguntei sobre a importância da palavra família. Sempre me questionei porque existem pessoas que não são da família e consideramos como se fosse ou vice-versa. Afinal, o que é família? Nesses 20 e poucos anos de vida, aprendi uma coisa: família não é algo que nasce com a gente, é aquilo que morre conosco. Família é aquilo que encontramos no decorrer de uma vida. Existem pessoas que podem ser “família de sangue” e que jamais serão a nossa verdadeira família, ou, melhor dizendo, a nossa “família de coração” - e o fato de estar na primeira não te exclui de estar na segunda. O amor, a cumplicidade, o carinho e a amizade não escolhem parentesco ou regras, escolhe afinidade, lealdade, verdade – vibrações que se entrecruzam. Nós não escolhemos onde queremos nascer ou de quem seremos filhos, primos, pais, irmãos... Nós escolhemos quem ficará ao nosso lado para sempre ou por um certo período de nossas vidas, como naquele velho clichê dos casamentos – revisitado por mim –: na alegria, na tristeza, na saúde, na doença, até que a morte, o tempo ou a vida nos separe. 

É assim.

Por mais que a dor e as mágoas existam, elas são superadas ou, então, acabamos aprendendo a viver com elas.

Lágrimas, palavras, sofrimento... 

A verdade é que, pouco a pouco, vamos percebendo que as pessoas ao nosso redor são passageiras de uma incrível viagem ao longo do tempo, deixando marcas, assinaturas, em nossas memórias. E então eu agradeço ao tempo por levar as boas amizades perdidas, mas também por levar as mágoas, as tristezas e tudo de ruim que se sucedeu e tudo o que ainda está por vir. 

Acredito que viver seja assim... Um verdadeiro reciclar-se e reinventar-se. 

Um verdadeiro ir e vir de gente entre nós.

Uma forma única, lenta e gradual de se viver. 

Uma forma real de se viver.


Texto Originalmente postado em 29 de setembro de 2014
Revisado em 14 de agosto de 2020

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