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Mostrando postagens de março, 2021

Sentimento #033 – A Saudade de Quem Já Se Foi

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“É importante não transformar os mortos em santos. Ninguém consegue andar à sombra de um santo.” – Jojo Moyes (em Depois de Você) Eu me acostumei com a morte ainda muito pequeno. Talvez acostumar não seja a palavra certa, mas a verdade é que eu comecei a lidar com ela aos meus três anos de idade. Sempre me pareceu estranha – apesar de real – a sensação de alguém simplesmente não estar mais ali. Conforme eu crescia, fui percebendo ao meu redor uma certa santificação daqueles que haviam morrido. Era como se eles fossem pessoas perfeitas, incapazes de cometer erros. Aquilo me incomodava... Eles eram humanos e, obviamente, capazes de também errar. Porém, eu percebia que qualquer erro era relevado, era como se não importasse, como se apenas os aspectos positivos daquele ente querido importassem. Demorou um tempo até que eu pudesse tomar consciência do que realmente significava perder alguém que amamos. Eu descobri que aquilo tudo não se tratava apenas da morte, mas principalmente do

Doce Passado

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Às vezes, sinto que eu gostaria de voltar no tempo, em especial, certos momentos que sei que nunca mais poderei repetir. Queria dar novos abraços, novos beijos; queria poder viver certas histórias mais uma vez, nem que fosse para tentar recuperar um pouco daquele cara que um dia eu fui. Eu queria poder me sentir tão vivo quanto lá atrás. É estranho. Com o tempo, as coisas parecem mudar drasticamente. Tudo fica mais frio, mais distante e nada, absolutamente nada, é possível de ser vivido mais uma vez. Acho que essa é a maior angústia – e, também, o maior alívio – que pode existir: nada do que já vivemos pode ser revivido. Olhar para o passado só é possível através das nossas lembranças. Sentimos certos cheiros, ouvimos certas músicas, vemos certas pessoas ou lugares, mas, ainda assim, é impossível – ou praticamente quase impossível – reviver uma antiga história, um antigo amor. É impossível matar a saudade de alguém que já se foi. É impossível viver novamente uma das nossas mais d

Dica de Filme: P.S.: Eu Te Amo (2007)

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Holly Kennedy (Hilary Swank) é casada com Gerry (Gerard Butler), um engraçado irlandês por quem é completamente apaixonada. Quando Gerry morre, a vida de Holly também acaba. Em profunda depressão, ela descobre com surpresa que o marido deixou diversas cartas que buscam guiá-la no caminho da recuperação. Classificação: 16 anos. Duração: 2h05min Elenco: Hilary Swank, Gerard Butler, Gina Gershon, Lisa Kudrow, James Marsters, Kathy Bates e outros. Direção: Richard LaGravenese. Trailer: Pôster:

Sentimento #032 – Ser Quem Sou

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“Você não precisa deixar que uma única coisa seja aquilo que define quem você é.” – Jojo Moyes (em Depois de Você) Passei boa parte da minha vida me questionando sobre quem eu era de verdade. Quando pequeno, eu deixava meus sonhos e desejos futuros me definirem. Depois de um tempo, pareço ter me entregado às marcas da vida – as dores, as decepções, as desilusões. Demorou um tempo para que eu percebesse que, por mais que eu tivesse uma certeza sobre mim em determinado momento, eu não seria mais aquela pessoa dias, meses ou anos depois. Somos mutáveis. Estamos em um constante processo de mudança que nunca se encerrará. Jamais seremos aquilo que fomos um dia e muito menos apenas uma coisa. Somos múltiplos, diversos, com várias facetas e jeitos de ser imbricados em um único eu. Somos uma infinidade de possibilidades que são frutos daquilo que somos, do que fomos e, também, do que queremos um dia ser. Somos infinitos.

O Natal. O sorriso. A mulher.

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Era uma manhã qualquer. Fazia calor. A luz do sol era tão forte que parecia me cegar sempre que eu tentava abrir meus olhos um pouco mais. Enquanto caminhava até o banheiro, sentia uma felicidade tomando conta de mim. Férias. Eu precisava daquilo; precisava descansar, relaxar, esquecer um pouco do mundo ao meu redor, dos prazos, das obrigações... Queria apenas ficar em paz comigo mesmo. Ao sair do banheiro, avistei uma senhora. Ela sempre estava ali. Trabalhava lá. Quase nunca eu a via sentada. Sempre estava a limpar o banheiro ou a arrumar alguma sala ou, então, a alimentar um cachorro que por ali ficava. Ela estava sentada em uma pequena sala, de costas para a porta, mexendo no celular. Eu sempre a cumprimentava e ela, sorridente, me respondia: – Bom dia, meu querido! Dei duas batidas na porta, ela me viu, sorriu e então eu a desejei um Feliz Natal e um Feliz Ano Novo. Ela retribuiu o carinho e começou a chorar. Meus olhos se arregalaram. Entrei no pequeno cômodo e perguntei o

Dica de Série: How To Get Away With Murder (2014)

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Michaela (Aja Naomi King), Wes (Alfred Enoch), Laurel (Karla Souza), Connor (Jack Falahee) e Asher (Matt McGorry) são ambiciosos calouros de Direito da prestigiada academia East Coast Law School, onde apenas os melhores alunos podem participar de casos reais. Eles competem entre si para conseguir a atenção da carismática e sedutora professora Annalise Keating (Viola Davis), na aula de Direito Criminal 1, também conhecida como "Como Se Livrar de Um Assassinato". Classificação: 16 anos. Número de Episódios: 90 episódios (6 temporadas - finalizada). Elenco: Viola Davis, Billy Brown, Alfred Enoch, Jack Falahee, Katie Findlay, Aja Naomi King e outros. Trailer:  Pôster:

Sentimento #031 – A Tal da Felicidade

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“‘Então você não acredita na busca da felicidade?’ Não. Acho que é uma falácia. Não se pode adquirir felicidade. A felicidade acontece e é um estado transitório.” – Fritz Perls (em Escarafunchando Fritz) Há muito tempo deixei de acreditar na felicidade como um objetivo, como algo pré-definido. Demorei boa parte da minha vida para perceber que ser feliz não é sobre um lugar de chegada, mas sobre a jornada – como acredito que alguns pensadores já disseram antes. Parecemos viver em uma busca desenfreada para alcançar um certo propósito de felicidade, como se nada mais pudesse nos fazer tão felizes quanto aquilo. O problema é que, ao depositar toda a nossa chance de felicidade em algo longínquo, cometemos dois graves erros. O primeiro é a fuga do agora para o futuro, uma espécie de expectativa criada ou uma fantasia de uma felicidade pura e genuína apenas naquele objetivo. O segundo nada mais é do que o enfrentamento da frustração. Na maioria das vezes, os nossos planos parecem não

Carta Para o Meu Triste Eu

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Querido eu, Como vai? Sei que tem doído bastante nos últimos tempos. Não sei te dizer ao certo se isso tudo algum dia vai passar. Acho que, no fundo, nunca passa... Talvez a intensidade da dor vá diminuindo aos poucos conforme os anos vão seguindo, mas a dor sempre permanece ali, naquele mesmo lugar. Se tem algo que eu posso te dizer, talvez até como conforto, ou, na verdade, como um conselho, é que você não se prenda a isso. Não deixe de viver a sua vida e, muito menos, de ser quem você é por causa de algumas pessoas que te feriram. Sim... Eu sei que foram muitas nos últimos tempos. Tenho percebido há um bom tempo que preciso tratar de você – de mim – com mais cuidado. Não é? Talvez nós estejamos precisando disso. Cuidar um pouco mais de nós, nos amarmos um pouco mais. Por tanto tempo, deixamos que as pessoas ditassem quem nós deveríamos ser, que ditassem tudo o que deveríamos mudar... Que citassem todas as nossas imperfeições para que pudéssemos, de algum modo, ser aceitos al

Dica de Livro: A Trindade (2020)

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Lian embarcou em um navio de cruzeiro no meio do Oceano Atlântico no país de Denália. A ideia de estar a quilômetros de distância da terra firme o deixava enjoado. Ele não queria estar ali, nunca quis. Ganhou a passagem de presente de aniversário ao completar dezoito anos e não podia negar algo de uma amiga tão especial. Mas Sahar surge em sua vida e seu destino é completamente mudado, dando inicio á uma nova história em um mundo subaquático cheio com novos reis, rainhas, sereias, tritões e outros seres desconhecidos. Escolhido por Yara, o espirito da bondade, Lian Ivar é designado a salvar Aquanaman das investidas de um inimigo impossível de ser derrotado. Autor: Tulio Gonçalves Capa:

Sentimento #030 – Encontros

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“‘Nós’ não existe, mas é composto de Eu e Tu; é uma fronteira sempre móvel onde duas pessoas se encontram. E quando há encontro, então eu me transformo e você também se transforma.” – Fritz Perls (em Gestalt-terapia Explicada) Acho incrível como um simples encontro com alguém pode nos transformar de uma forma tão significativa. Às vezes, um simples gesto, uma palavra dita em um momento de desespero... Algo sutil que, muitas vezes, poderia não ter importância alguma, mas que ali, naquele momento, torna-se uma das coisas mais importantes que poderíamos vivenciar e que pode, até mesmo, nos mudar para sempre. Sou grato aos encontros marcados pela gentileza, pelo carinho, pelo afeto, pelo amor, pelo respeito. Sou grato aos encontros com aqueles que ainda parecem ter algo de bom para oferecer ao mundo. E que sejamos cada vez mais assim!

Vazios em Nós

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Às vezes, eu sinto um vazio dentro de mim. É como se houvesse um buraco, uma falta, algo que eu preciso/quero preencher. Durante muito tempo tracei uma busca incessante para descobrir o que seria essa coisa. Acreditei que pudesse estar em amizades, em relações amorosas, em objetivos de vida, em uma formação, em alguma atividade... Mas não. Nada parecia me satisfazer. Era estranho me sentir assim. A sensação de incompletude me deixava inquieto, como se eu tivesse a obrigação de saber aquilo que eu sentia falta, mas que, por algum motivo, eu não conseguia compreender realmente o que era. Era um vazio. Um terrível vazio que me consumia de dentro pra fora, sugando todas as minhas energias, sem me deixar com forças para encontrar uma direção e sem me dizer o que é que realmente estava faltando. Dia desses, acho que finalmente compreendi o que parecia me faltar. Eu estive errado por muito tempo, achando que eu deveria buscar algo específico e que isso me livraria dessa angústia... Qual

Dica de Filme: Um Amor Para Recordar (2002)

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Em plenos anos 90, Landon Carter (Shane West) é punido após uma brincadeira de mau gosto feita com um colega – que acaba se acidentando. Como punição ele é encarregado de participar de uma peça teatral, que está sendo montada na escola. É quando ele conhece Jamie Sullivan (Mandy Moore), uma jovem estudante de uma escola pobre. Com o tempo Landon acaba se apaixonando por Jamie que, por razões pessoais, faz de tudo para escapar de seu assédio. Classificação: Livre. Duração: 1h42min Elenco: Shane West, Mandy Moore, Peter Coyote, Daryl Hannah, Lauren German, Clayne Crawford e outros. Direção: Adam Shankman. Trailer:  Pôster:

Sentimento #029 – Sobre Modos de Ser Pré-Fabricados

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“Cremos nas coisas porque somos condicionados a crer nelas. [...] As pessoas creem em Deus porque foram condicionadas para crer em Deus.” – Aldous Huxley (em Admirável Mundo Novo) Às vezes, me pego pensando nas coisas que somos forçados a acreditar ao longo de nossas vidas. Tantas regras simplesmente convencionais que nos são passadas, tantas normas, tantas coisas que simplesmente parecem ter sidos feitas para agradar o mundo ao nosso redor. Somos lançados em um mundo que traz, consigo, uma infinidade de regras que muitas vezes parecem fazer com que anulemos as nossas individualidades. Somos moldados, condicionados, ao longo de nossas vidas. Um processo de criação de máquinas, seres sociais robotizados, que seguem regras sem questionar, sem hesitar. Qualquer dúvida, qualquer fuga aos padrões, é vista como disruptiva. É difícil pensar que muitas das coisas nas quais acreditamos nos são, na verdade, induzidas ao longo de nossas vidas. A verdade é que crescemos forçados a seguir c