Carta Para o Meu Triste Eu
Querido eu,
Como
vai? Sei que tem doído bastante nos últimos tempos. Não sei te dizer ao certo
se isso tudo algum dia vai passar. Acho que, no fundo, nunca passa... Talvez a
intensidade da dor vá diminuindo aos poucos conforme os anos vão seguindo, mas
a dor sempre permanece ali, naquele mesmo lugar.
Se tem
algo que eu posso te dizer, talvez até como conforto, ou, na verdade, como um
conselho, é que você não se prenda a isso. Não deixe de viver a sua vida e,
muito menos, de ser quem você é por causa de algumas pessoas que te feriram.
Sim...
Eu sei que foram muitas nos últimos tempos.
Tenho
percebido há um bom tempo que preciso tratar de você – de mim – com mais
cuidado. Não é? Talvez nós estejamos precisando disso. Cuidar um pouco mais de
nós, nos amarmos um pouco mais. Por tanto tempo, deixamos que as pessoas
ditassem quem nós deveríamos ser, que ditassem tudo o que deveríamos mudar...
Que citassem todas as nossas imperfeições para que pudéssemos, de algum modo,
ser aceitos ali....
Eu
tenho te machucado, das mais diversas formas, numa tentativa estúpida de não te
deixar só no final. Aquele nosso velho medo da solidão...
Eu te
peço, meu doce eu, que você olhe para frente. Aproveite a sua dor, sinta-a,
deixe-a fluir... Viva-a. Cada momento, cada peça, cada pedacinho de dor que
for... Cada angústia, cada mágoa... Cada decepção. Não deixe para lá. Não deixe
que te digam que é besteira ou drama ou que é qualquer outra merda que as
pessoas gostam de falar quando tentam diminuir o que sentimos. Muitas pessoas
têm feito isso contigo. Não é mesmo?
Talvez
seja a hora de nos livrarmos dessas amarras, dessas prisões, e, finalmente,
tentar seguir em frente, mesmo que seja em meio à solidão, mesmo que seja em
meio ao caos. Mesmo que sejamos sós.
Ainda
temos um ao outro.
Ainda
temos nós.
Então,
talvez, nunca estejamos realmente sozinhos.
Com
amor,
Do seu querido eu.
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