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Mostrando postagens de setembro, 2020

Sentimento #007 - O Passar do Tempo

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  “A um certo momento batem às nossas costas um pesado portão, fecham-no a uma velocidade fulminante, e não há tempo de volta” “[...] o que era bom ficou para trás, muito para trás, e ele passou adiante, sem dar por isso. Ah, é demasiado tarde para voltar [...]” - Dino Buzzati (em O Deserto dos Tártaros) Ainda me lembro, com precisão, de certos momentos de minha vida – tanto dos bons, quanto dos ruins. Em certas horas, o tempo parece passar tão vagarosamente; e, então, como num piscar de olhos, tudo aquilo passou, ficou para trás. Histórias que se findaram, amizades que partiram, pessoas queridas que morreram, vidas que seguiram em frente e que não mais se cruzaram com as nossas. É estranho pensar que o mesmo tempo, que em certas horas parece se arrastar, pouco tempo depois já terá seguido o seu curso e não mais poderá voltar. O futuro tornar-se-á presente e este será reduzido a uma simples lembrança. O tempo voa, urge, e nos mostra, seja com o apodrecer de uma maçã ou com as r

Quando Tudo Isso Começou

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Quando tudo isso começou, eu estava perdido. Para além do medo e da incerteza sobre o mundo lá fora, eu estava longe de mim mesmo. Eu não sabia o que eu queria, havia perdido o interesse por inúmeras coisas que eu achava que nem pudessem existir mais. Eu tinha medo – não que hoje eu o tenha perdido; ele ainda está aqui. Eram vinte e quatro horas de insegurança, de pânico, de não saber o que poderia acontecer comigo ou com as pessoas que eu amo. Era tudo tão complicado... Era tudo tão assustador. As horas passavam vagarosamente. Eu conseguia fazer mil e uma coisas durante um dia na tentativa de simplesmente não pensar. Os jornais me assustavam. Eu os evitava. Os infectados, os mortos, até mesmo os curados me causavam terror. Era como se eu, mesmo que não saindo de casa, não pudesse mais ter controle de nada. Era como se a minha pele, as roupas e as máscaras não fossem capazes de conter o vírus e me proteger. Qualquer necessidade de sair era vista com pavor. Um dia, assustado, lave

Dica de Livro: Apenas Amigos (2020)

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  A indicação de hoje é uma comemoração aos três meses de lançamento do meu primeiro livro: Apenas Amigos! Eduardo e Mariana se conhecem desde a infância e, com o passar dos anos, acabaram se tornando melhores amigos. Durante a adolescência, ele se apaixonou por ela, mas nunca teve coragem para se declarar. Agora que ela terminou um relacionamento, Eduardo vê a oportunidade de finalmente ter uma chance com aquela mulher que ele amou por quase metade da sua vida. Entre o medo e a insegurança, entre o desejo e a paixão, entre a amizade e o amor, ele resolve, finalmente, lutar por aquele sentimento, sem imaginar que a vida ainda pode lhe pregar algumas surpresas. Autor: Aníbal Bastos O livro encontra-se disponível no formato eBook pela Amazon e é gratuito para assinantes do Kindle Unlimited.

Sentimento #006 – Sobre a Dor

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  “Todo mundo é capaz de dominar uma dor, exceto quem a sente.” - William Shakespeare Acho terrível essa mania moderna de diminuir as dores alheias. “Vai passar”, “Não pense nisso”, “Deixa pra lá”, “Ignora”, “Porque você não tenta esquecer?” Na falta de melhores palavras, nos massacram com a nossa própria impotência diante daquilo que nos aflige. “Mas tudo passa”, “Nada é eterno”... Tantas e tantas palavras jogadas, mas, aqui dentro, a dor se mantém e insiste. Ela me rasga, me devora, me amarga, me amassa, me arrasa. Por que eu não consigo simplesmente esquecer ou deixar para lá como tantas pessoas me dizem? Acredito que, no fundo, é muito mais fácil falar das dores alheias como se elas não fossem terríveis. É difícil se colocar no lugar do outro, é difícil imaginar aquilo que o outro sente e, talvez, seja, até mesmo, impossível esse exercício. Acho que, no fim das contas, é como nos é colocado na fenomenologia: cada um experiencia o mundo de uma forma única, diferente. Tal

Nosso Adeus

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Eu não consigo elaborar com precisão a ideia de que um dia perdi você. Acho que, na verdade, a gente não tem como perder aquilo que não se tem e, felizmente, pessoas não pertencem a outras pessoas. Somos livres para ser, para amar, para viver e, até mesmo, para partir. Acho que aquela foi uma das maiores dores que já vivenciei. Foi como se todos os meus sonhos e ilusões – não apenas contigo, mas de um “felizes para sempre” – tivessem escoado pelas minhas mãos. Como é que a gente pode querer ter aquilo que não se pode ter? Aos poucos eu fui aprendendo que amar não é sobre posse e acredito que isso deveria ser ensinado desde a nossa infância – o que eu acredito que pouparia inúmeras crises. O fato é que, independente da sua vontade de ficar ou não, eu nunca entendi o porquê de você ter partido. Não sei se foi porque você se cansou, se conheceu um outro alguém, se simplesmente queria ficar só, se havia algum problema que não queria compartilhar comigo... Tantos e tantos cenários que me tr

Dica de Filme: Os Delírios de Consumo de Becky Bloom (2009)

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  Rebecca Bloomwood (Isla Fisher) é uma jornalista apaixonada por moda que se vê imersa em dívidas devido à sua compulsão por compras. Quando a revista para a qual trabalha é fechada, Becky resolve investir numa vaga de emprego para a sua revista de moda favorita: a Alette. Porém, por ironia do destino, ela acaba indo trabalhar justamente numa revista de finanças comandada por Luke Brandon (Hugh Dancy). Enquanto tenta se manter no emprego – sem saber absolutamente nada sobre economia –, ela acaba cativando o público com a sua escrita de fácil acesso sobre o mundo financeiro – baseada em sua própria experiência. À medida que cresce como “A Garota da Echarpe Verde”, Rebecca precisar enfrentar três desafios: sustentar as próprias mentiras, fugir do cobrador que a persegue e lutar contra os sentimentos que começam a florescer pelo seu chefe.   Avaliação no IMDb – 5,9/10 Avaliação no Rotten Tomatoes – 25% Classificação: 10 anos Duração: 1h42min Elenco: Isla Fisher, Hugh Dancy, Kry

Sentimento #005 – Sobre o Amor

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  “Amo como ama o amor. Não conheço nenhuma outra razão para amar senão amar. Que queres que te diga, além de que te amo, se o que quero dizer-te é que te amo?” - Fernando Pessoa Acredito nas palavras de quem declara o amor. Não naqueles que machucam porque dizem amar. Para mim, o amor encontra-se nas pequenas coisas, nos detalhes, nas sutilezas, num “Bom dia!” despretensioso, num “Se cuida!” na despedida. Amar, para mim, é algo único. Não existe comparações. Há quem ame com intensidade, há quem ame com calmaria. Acredito, entretanto, que amar é a simples atitude do cuidado para com o outro, seja junto à paixão, à amizade, ao carinho, ao afeto. Ao olharmos uma parede branca, sabemos que ela é branca porque assim nos ensinaram. Mas e o amor? Quem nos ensina o que é o amor? Parece que, ao longo da vida, vamos descobrindo, aos poucos, sobre que tipo de amor somos capazes de ofertar e o tipo de amor que acreditamos merecer. Não é exato como a parede branca – convencionada de tal fo

Simplesmente Você

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  Tem horas que penso em você e sinto a vontade de gritar para o mundo o quanto te quero. Parece loucura, eu sei. Porém, é como se houvesse algo dentro de mim que me fizesse te querer ao meu lado, em todos os bons e maus momentos. Simplesmente você. Você me provoca uma mistura de sensações – é verdade! Na sua presença, vou do medo ao desejo em alguns instantes. Sim... Você me assusta. Talvez por você ser quem você é. Nada mais, nada menos. Simplesmente você. Eu poderia te descrever por horas e mais horas, desde os teus defeitos que mais me incomodam até as suas qualidades mais encantadoras. Se alguém me visse fazer isso, de longe, poderia me indagar: “Mas porque raios você ainda a quer tanto assim?”. E eu responderia, da forma menos explicativa e mais evasiva possível, que é simplesmente você. Acho que talvez eu tenha me encontrado preso num daqueles clichês filosóficos da razão e da emoção, na qual a primeira não consegue explicar a segunda e esta não consegue justificar a outra

Dica de Série: Brave New World (2020)

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Já imaginou viver em um mundo dividido em castas, onde não há privacidade, família e monogamia? Este é o fio condutor da série Brave New World, inspirada na obra homônima de 1932 de Aldous Huxley. A série, produzida pelo serviço de streaming Peacock, conta a história da bela New London, uma cidade futurística em que as posições sociais são divididas em hierarquias (alfa, beta, gama, etc.) que se subdividem em mais ou menos. É lá onde mora Lenina Crowne (Jessica Brown Findlay), uma beta mais, que trabalha como técnica em um laboratório onde são geradas as crianças. Após se envolver afetivamente por um longo período de tempo com um alfa mais, Lenina é repreendida pelo seu superior, Bernard Marx (Harry Lloyd) – uma vez que a monogamia é proibida. Os dois acabam se tornando amigos e embarcando juntos para a terra dos selvagens, onde conhecem John (Alden Ehrenreich) e Linda (Demi Moore); um encontro que mudará não apenas as suas vidas, mas também, de toda uma civilização. Avaliação no IM

Sentimento #004 – Prisões

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  “Vivemos em tantos tipos de prisões...” - Brave New World (série) Parece que estamos, constantemente, em meio a laços e amarras que nos impedem de ser aquilo que queremos ser. Às vezes, são imposições de outrem; às vezes, são nossas. É como se nossas vidas estivessem cercadas de inúmeras formas de prisões em meio ao mito da liberdade da vida moderna. Será que, no fim das contas, somos livres ou não? Não pode porque é homem. Não pode porque é mulher. Não pode porque é criança ou adolescente ou adulto. Tantas e tantas imposições que nos colocam e que nos impedem de viver a vida em toda a sua plenitude. No fim das contas, parece que a liberdade é realmente aquilo que citei acima: um simples mito. Em que medida nós somos os responsáveis pelas nossas prisões? Como fazemos para viver sem elas? E o mais importante: será que é possível viver fora desses – e de tantos outros – aprisionamentos?

Eu-Ator

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Para quem vive o teatro no seu cotidiano, estar longe dos palcos é uma das maiores dores que pode existir. É como se uma parte do seu corpo fosse arrancada, de forma brusca, e, mesmo assim, você precisasse continuar a viver. É como uma punição. Acho que, desde que me entendo por gente, sempre tive vontade de ser ator. Até pisar no piso de madeira daquela sala de ensaio pela primeira vez, na doçura dos meus onze anos, eu nunca havia ido ao teatro. Porém, desde aquele primeiro contato, desde aquele primeiro toque, algo surgiu dentro de mim. Até então eu não sabia, mas hoje, um pouco – bem pouco – mais velho do que naquela data, eu consigo perceber que é, e sempre foi, uma das mais belas formas de amor. Uma daquelas paixões ardentes que permanece ao longo dos anos. Foi ali, entre a coxia e o palco, correndo por trás da rotunda ou jogando-me no carpete para encarar o teto, que eu comecei a me compreender. Primeiro enquanto criança, depois enquanto adolescente, mais tarde enquanto jovem

Dica de Livro: Poesias mês a mês (2018)

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  “Poesias mês a mês” é um livro publicado pela jornalista, professora, atriz e escritora feirense Cathy Arouca em 2018. Na obra, Catharina compila algumas poesias de sua autoria separadas por meses e, também, por algumas datas especiais – ou comemorativas. O ponto-chave do livro – e o que mais me encanta – são os pequenos comentários inseridos pela autora ao final de suas poesias, “de flor para flor”. Para quem gosta de poesia, de leveza e do brilho das coisas simples da vida cotidiana, “Poesias mês a mês” é um verdadeiro deleite para os nossos olhos e corações. Autora: Cathy Arouca Editora: Inteligência Editorial. Onde comprar: atualmente, o livro encontra-se disponível pelo contato direto com a autora no perfil do Instagram @cathyaroucapoesia .

Sentimento #003 - O que nos leva a sermos bons?

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  “Eu acho que escolhemos ser bons por causa de nossos vínculos com outras pessoas e do nosso desejo inato de tratá-las com dignidade. Resumindo: não estamos sozinhos nessa.” - The Good Place (série) Dia desses eu me questionei sobre a bondade, sobre o porquê de muitas pessoas insistirem em serem boas mesmo com tudo ao seu redor desmoronando. Acho que essa é uma das indagações mais antigas que existe, mas não sei se existe uma resposta universal às inúmeras pessoas que ousaram em pensar sobre ela. O que nos leva a nos importarmos com os outros? Qual o sentido? Já ouvi pessoas dizerem que é por conta do nosso além-vida, como uma espécie de compensação pelos nossos atos na Terra. Já ouvi dizerem que a bondade é inerente ao ser humano, mas já vi muita maldade para saber que nem todas as pessoas são assim. O que nos leva, então, a sermos bons? Acho que, no fim das contas, não existe uma resposta correta. Porém, me arrisco a tentar – com base na minha experiência – formular uma