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Mostrando postagens de agosto, 2016

O Céu dos Passarinhos

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Música: Let Her Go - Passenger                   Hoje o dia foi triste. Silencioso. Não ouvi o cantar, os assovios, nada. Ele – o marido dela –, um periquito australiano das penas azuis, pretas e brancas, também não cantou. Nada. Ficava parado, olhando para um ponto fixo fora da gaiola: o lugar onde eu a depositei ao retirar seu corpo.                 Era tarde. Ao passar pelo local, olhei em direção a eles – sempre soltando uma piada, falando algo – e a vi, quietinha, parada num canto. Cheguei mais perto e ela veio ao meu encontro, mancando, abatida. Larguei o que estava fazendo, puxei uma cadeira e sentei ao lado da gaiola. Ela foi para a porta, como sempre fazia – ávida para beliscar meus dedos e cravar suas finas unhas em minha pele. Peguei-a em minhas mãos e ela ficou ali deitada, quietinha, calma, sossegada – como nunca ficara. Meu coração se encheu de tristeza, comecei a chorar copiosamente enquanto alisava as suas penas e acarinhava sua cabeça – como ela gostava que

Querido Eu

Querido Eu, Acho que essa carta vai chegar tarde demais. Infelizmente não pude evitar que acontecesse com você tudo aquilo pelo que passei. Vai doer e eu bem sei disso. Peço perdão por quebrar as tuas doces ilusões, mas essa nada mais é do que a verdade. Você ficará só. Os amigos que um dia você tanto quis bem, vão te deixar pra trás. No pior momento da sua vida, a solidão vai ser a sua melhor amiga. Alguns deles ainda vão te procurar, principalmente no momento em que precisarem; mas não se chateia. Isso é bom. Você tem algum valor. É bom ser importante pra alguém nessas horas. Mesmo que seja SÓ nessas horas. Isso mostra o quão bom você é. Você vai se apaixonar. Só sei que vai doer. Muito. A maioria dos sonhos que você tem não serão realizados. Isso vai doer. Você vai olhar ao redor e vai enxergar apenas a solidão, um vazio existencial. Como se nada fizesse sentido. Ninguém vai te ouvir, te abraçar, estender a mão e sequer cuidar de você. Não sei se já chegamos ao ponto em

Fim

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Música:  Jack Savoretti - Breaking The Rules Aos poucos as últimas palavras vão sendo escritas. O final da história vai sendo desenhado aos poucos. Eu, justo eu, que sempre odiei despedidas, acabo me tornando refém delas. Despeço-me de amigos, de partes de mim... Busco novos recomeços, novos horizontes. Tudo se renova.                 Parece o velho clichê do “final feliz” acontecendo ao meu redor. A ansiedade me corrói. É normal. Pareço finalmente ter tomado as rédeas da minha própria vida, de ter assumido a máscara de protagonista da minha própria história. Como na maioria delas, os protagonistas são sempre os últimos a sorrirem. Sempre nas últimas páginas, nas últimas linhas. No ponto final.                 Eu sempre odiei despedidas. Odiei e as odeio com toda a força que ainda tenho. Busco renovar, recomeçar; mas pareço estar sendo massacrado com estúpidos flashbacks colocados apenas para render mais algumas páginas. Para me atrasar, me impedir.                 Cheg