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Mostrando postagens de setembro, 2015

Caminho

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Para muitos, o entardecer é uma mensagem anunciando o fim do dia. Tento enxergar diferente. Afinal, aquilo também se trata do começo da noite. Entre prédios e placas, eu me questiono: para onde estou indo? Até então eu não sabia, mas estava perdido. Estava envolto em um emaranhado de sentimentos e conflitos internos. Eu não sabia qual placa seguir, qual parada obrigatória respeitar ou, até mesmo, qual sinal eu deveria invadir. Por meses eu estive imerso em lágrimas, medo e inseguranças; e foi ali que eu percebi o quão arriscado pode ser amar. Não! Hoje não quero falar deste sentimento insano e doente que nos torna “dependentes” da presença, do amor ou do simples cuidado de alguém. O anoitecer não é a perda da beleza do dia, é a oportunidade de enxergar um novo mundo onde as luzes da cidade irão brilhar e se mesclar com a beleza das estrelas e da lua. Tanto no amor quanto na vida, a ideia de recomeçar assusta e tende a nos sufocar. O “novo” é um mar obscuro onde apenas os mais c

Questionamentos Sobre o Amor

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As portas se fecharam. As palavras não conseguem mais sair. Eu poderia inventar dialetos, criar neologismos, pintar quadros, compor músicas; mas eles seriam incapazes de expressar os meus sentimentos. A escuridão parece inevitável e, aos poucos, pareço voltar àquele “eu” de outrora, um eu invernal, frio, calado e sem perspectivas nem anseios de aquecer o coração. Coração... Sempre tão estúpido e idiota... Coração... Órgão tão essencial... Não consigo compreender o amor. Eu até que tentei (juro!), mas não consegui. Sentimentozinho complicado, confuso e aterrorizante. Não “podemos” nos apaixonar por quem se parece conosco, afinal seria um romance sem desafios. Não “podemos” nos apaixonar por quem nos é tão diferente, afinal seria um romance sem futuro. Não “podemos” sequer nos apaixonar rapidamente, afinal somos loucos de viver tamanha intensidade. Não “podemos” ter paciência no amor, afinal o coração é feito para sentir as dores e os amores onde e quando eles vierem. Acho que, no fu

Sobre Finais Felizes

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Os carros passam com suas buzinas exageradas. As pessoas, apressadas, correm sem nem olhar para o lado. É tarde. Véspera de Natal. Eu estou ali, a única pessoa em um restaurante meio vintage . Provavelmente os funcionários cuspirão em meus pratos e minhas bebidas, mas eu não me incomodo. Não mais. É engraçado como as pessoas correm para suas casas nesses dias. Há esperança nelas. Há uma esperança de que, naquela noite, tudo seja perfeito. Seus maridos, esposas, filhos, avós, netos, pais, irmãos; todos eles serão as melhores pessoas do mundo. Todos colocarão sorrisos estampados na face e gritarão mensagens de paz, amor, felicidade, realizações e blá blá blá. No dia seguinte, todos vestirão suas roupas comuns, tirarão suas máscaras e mostrarão suas verdadeiras faces repletas de arrogância, egoísmo e superficialidade. Cá estou eu, na Véspera de Natal, sozinho em um restaurante qualquer apenas observando as pessoas que passam. Meu vinho faz morada naquela taça há cerca de vinte minutos

Esperança

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- Então é isso, meu bem. Chegou ao fim... – Ele olhou sua esposa ali. Inerte. Morta. Sem reação alguma além de um doce sorriso no rosto. A morte o surpreendera, aliás, os surpreendera. Em menos de uma semana, ela passou de uma mulher extraordinariamente comum a um cadáver. Para ele, ela continuaria a ser, para sempre, aquela mulher por quem ele se apaixonara naquele dia de inverno, onde uma chuva os deixara ilhados em um pequeno mercado. Ele a ajudou, ela sorriu; ele conversou, ela respondeu; ele lhe deu o número de seu telefone, ela o ligou; ele a chamou pra sair, ela aceitou; ele sorriu, ela o beijou; ele a amou, ela o correspondeu; ele a pediu em casamento e ela aceitou. Seis anos foram suficientes para uma das mais belas histórias de amor que ambos jamais poderiam imaginar. Uma história repleta de acasos, de amor e de deliciosos momentos a dois. A morte os surpreendera tanto quanto a vida. A vida a dois que eles jamais imaginaram, os sorrisos que eles jamais pensaram em dar, os

(Des)amor

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Então é isso? Quer dizer que todos aqueles sonhos e planos não passaram de uma mentira? Será que todo esse egoísmo estava presente desde o início, mas, somente agora, eu fui capaz de enxergar? Será que todas aquelas palavras de amor foram ditas em vão? Será que, realmente, todo aquele sonho se tornou esse pesadelo? Será que todo o teu lado cruel foi capaz de me fazer esquecer todo o amor que eu senti por você? A tua insensatez, a tua estupidez, o teu egoísmo, o meu masoquismo, esse amor sem pé nem cabeça, sem nexo. O meu eu lírico que clamava por um amor tão intenso quanto o nosso simplesmente deixou de existir, deixou de acreditar na possibilidade de te amar. Será que vale a pena esse negócio de amar alguém? A culpa é tua! É toda tua! Todo esse teu lado egoísta, cruel, sádico, que me fizeram enxergar, em tão pouco tempo, que a pessoa que amei nunca existiu. Era só uma carapaça, um exoesqueleto para agradar a quem quer que fosse e que escondia, no seu interior, um demônio, uma crue