Egoísmo II

Cena do episódio 2X01 da série "How To Get Away With Murder"


                Um bom tempo se passou desde que nos vimos pela última vez. Não tenho calculado mais o tempo, não tenho pensado acerca do que fomos, do que poderíamos ser e, muito menos, do que nos tornamos. Quanto a você, tudo tornou-se uma incógnita de uma das mais difíceis equações que já tentei resolver – daquelas que você desiste após algum tempo e sai com uma enorme dor de cabeça.
                Eu não sou mais o mesmo. Resolvi deixar que as feridas se abrissem em mim e sangrassem todas de uma vez. Talvez seja uma forma masoquista de me acostumar com a dor e, quem sabe, permitir que, mais ou mais tarde, ela deixe de existir. Talvez a dor não deixe de existir. Talvez eu continue a sentir o meu coração sangrar todas as vezes que eu olhar as fotos, as velhas mensagens e/ou qualquer outra coisa que me remeta a você.
           Algumas pessoas dizem que enlouqueci. Outras dizem que eu me tornei alguém irreconhecível, uma parte de mim que eu jamais cogitei que pudesse existir. Justo eu, que tanto me vangloriei da minha sensibilidade, pareço ter perdido ela. Talvez seja temporário. Talvez seja apenas uma carapaça para proteger um interior tão machucado que só é capaz de se curar se for protegido de todas as formas possíveis.  
                Certa vez me disseram que o amor é capaz de nos mudar por completo, de abrir novos horizontes, de nos apontar novos rumos e de nos permitir atingir uma forma única e particular de felicidade. Talvez eu tenha deixado o amor me mudar de uma forma negativa. Talvez não seja a regra, mas a exceção: a de que amar alguém egoísta é virar uma arma tão poderosa quanto o amor em nossa direção e atirar. É se permitir sangrar mesmo que sem querer.  

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