"Eu"
Querido diário,
Faz um bom tempo
que não escrevo em você e acho que precisava dizer algumas coisinhas. Foi uma
longa jornada até aqui e acho que não tenho muito do que me arrepender. Óbvio
que de uma coisa ou outra eu me arrependo – amargamente – e seria hipocrisia
dizer o contrário. Acho normal... Não conseguimos nos orgulhar de tudo o que
fizemos ou fazemos. Se não fosse assim, creio que não teríamos como melhorar. É
isso que nos faz tão especiais.
Eu mudei um
pouco, talvez bastante. Os anos me trouxeram sabedoria e também uma boa dose de
amargura, frieza e solidão. Por fora, o mesmo rosto de outrora, por dentro, um
pouco mais de calmaria e um pouco menos de sonhos. Não parei de sonhar, mas
parei de esperar o futuro e passei a viver o presente. Esse sim me satisfaz. Apesar
de ainda carregar comigo a doçura e a leveza de antes, são poucas as pessoas
que conseguem ter acesso a esse meu lado. Me desculpe! Mas foi melhor assim! Eu
precisava me proteger.
Dos amigos que
tive, poucos restaram ao meu lado. Muitos me machucaram, outros o tempo levou
consigo, outros a distância fez questão de carregar. Já outros, bom... Outros
eu fiz questão de esquecer no momento em que aprendi que eu era bom o
suficiente para mim e para as pessoas que amo e que não precisava de humilhações
gratuitas em troca de amor. Ah... O amor! Esse sim me pegou de surpresa. Acho
que de todas as histórias – reais ou imaginárias – que vivi, algumas me
marcaram mais. Outras nem tanto, mas mesmo assim não são esquecíveis tão
facilmente. Já outras, prefiro fingir que nunca vivi.
Se eu pudesse
voltar no tempo e fazer tudo diferente, creio que não o faria. Acredito que fui
capaz de viver unicamente cada história de amor ou amizade, cada desejo, cada
angústia, cada tristeza, cada felicidade... Até mesmo em meus piores momentos,
com a depressão batendo à porta e me obrigando a ir embora de vez, creio que
consegui viver com o melhor e o pior de mim as minhas melhores histórias. Foram
grandes plot twists, grandes amores,
grandes histórias... Acho que valeu a pena! Cada lágrima e cada sorriso foram
únicos, memoráveis e capazes de me fazer viver de uma forma totalmente
especial.
Acho que era
difícil imaginar que o menino que não queria nascer, o garotinho tapado do
colégio que sofria com o bullying, fosse capaz de chegar tão longe. E eu
cheguei. Não conquistei nenhum dos meus sonhos iniciais – talvez um ou dois.
Pelo contrário, tive de reformulá-los, alguns pude esquecer, outros nem fiz
questão de realizar... Mas no fim, acho que sou capaz de me orgulhar de quem
sou, seja como ator, como filho, como futuro psicólogo, como futuro matemático,
como amigo... É claro que muitas vezes as pessoas não serão capazes de
reconhecer as minhas qualidades, que muitos amigos simplesmente me destratarão
e me deixarão de lado, mas quer saber? Foda-se. Eu consegui. Eu sobrevivi.
Hoje eu me sinto
bem comigo mesmo, com o meu corpo, com as minhas criações, com as minhas
palavras, com o meu jeito único de ser... Hoje eu me sinto capaz de realizar as
mais diversas coisas que eu poderia sonhar, de lutar pelos sonhos mais
inalcançáveis que possam vir. Posso ser meu herói ou vilão, o meu guia e a
minha perdição... Eu mantive as rédeas da minha vida mesmo com tudo ao meu
redor desmoronando. Acho que isso me faz especial. Hoje eu me sinto feliz por
saber que eu sou capaz de me amar independente de todas as coisas, de todas as
palavras de ódio, de todas as mentiras, de todos os amigos e amores que me
machucaram... Hoje eu sinto que sou capaz de viver, de lutar, de resistir, de
persistir, de amar. E se um dia quiserem saber como estou, se bem ou mal, se
feliz ou triste, quero que saibam que, acima de tudo, de todos, de todas as
coisas, eu me sinto maravilhosamente bem comigo mesmo... Eu me sinto épico!
Essa amiga aqui, amiga de coração, passou por aqui para ler sobre o "Eu" que é você e te deixar um grande abraço. Te cuida! <3
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