Será "amizade"?
Acho
que eu deixei o meu altruísmo e a minha bondade falarem mais alto. Após tantas
decepções, após tantas pessoas egoístas ao meu redor; talvez eu tenha deixado
que as minhas melhores qualidades fossem capazes de me matar aos poucos. Creio
que, ao longo dos últimos anos, eu tenha deixado morrer uma parte do que eu
era, uma parte do que eu queria ser e uma parte do que eu poderia ser.
Foram
muitas decepções. Vi amigos tornarem-se distantes – mesmo com minhas tentativas
de resgatar tais amizades –, vi amigos tornarem-se completos estranhos, vi
amigos que, simplesmente, passaram a não se importar comigo. Talvez esse tenha
sido o meu erro: talvez eu tenha ajudado demais os outros e esperado que,
quando eu precisasse, eles estivessem ali comigo.
Aos
poucos fui descobrindo uma das coisas mais dolorosas que eu poderia descobrir:
a palavra “amizade” tem perdido o seu valor – ou pelo menos ela tenha perdido o
valor para aqueles que um dia chamei de “amigos”. Vivemos em um mundo regido
pelo egoísmo, onde o bem-estar próprio supera as vontades e o desejo de cuidar
do próximo – mesmo quando tratamos de um “amigo”.
Acredito
que eu tenha deixado a minha bondade falar alto demais. Talvez eu tenha sido
inocente de acreditar que todas aquelas pessoas – que um dia me chamaram de
amigo, irmão, melhor amigo – estariam ali comigo quando eu precisasse. Bem,
elas não estavam... E nem estão.
De
todos os personagens de séries, filmes e livros que já conheci, sempre me
identifiquei com a Bonnie, de The Vampire Diaries. Sempre presente, seja para
proteger ou simplesmente para consolar um amigo, Bonnie acabou por perder a sua
vida algumas vezes pelo bem dos outros e talvez eu tenha feito o mesmo. Talvez eu
tenha passado a reger a minha vida em prol do bem-estar dos outros, cuidado dos
outros; e talvez eu tenha esquecido o elo mais importante para mim: o MEU bem
estar.
Creio
que tenha finalmente chegado a hora d’eu ser um pouco mais egoísta e de
aprender a lição. Talvez, sendo o bom amigo, eu tenha (infelizmente) acabado
sozinho.
Texto Originalmente publicado em 22 de fevereiro
de 2016.
Revisado em 30 de maio de 2021.
Infelizmente está se cumprindo a "profecia" de Zygmunt Bauman: "Vivemos em tempos líquidos, nada é para durar" :'(
ResponderExcluir