Talvez(es)
Talvez
eu seja um monstro.
Talvez
eu seja aquele tipo de pessoa que fere com palavras (o pior tipo de pessoa, cá
entre nós).
Talvez
eu seja egoísta.
Talvez
eu seja o tipo de pessoa que você disse que eu sou.
Talvez
eu seja um homem frio.
Talvez
eu seja cruel.
Talvez
eu não saiba amar.
Talvez,
talvez, talvez...
Talvez
eu nunca tenha amado.
Ou
melhor, talvez eu nunca tenha sido amado.
Talvez
eu erre demais.
Talvez
eu persista nos meus erros demais.
Talvez
os meus erros façam parte de mim (desculpa, mas não sou perfeito).
Talvez
eu persista em ser quem eu sou.
Talvez
eu não goste de me perder de mim (redundante, eu sei).
Talvez
eu não queira deixar de ser quem eu sou.
E
talvez, por isso, eu sou tão julgado.
Talvez
eu seja uma boa pessoa.
E
talvez, por isso, eu seja tão facilmente magoado.
Talvez
o erro seja única e exclusivamente meu – meu erro de esperar o melhor das
pessoas.
Talvez
o mundo tenha mudado a sua trajetória e eu fiquei parado em algum lugar do
passado onde eu acreditava que as pessoas eram boas.
Talvez
eu viva num “mundo de fantasia” e acredite cegamente na bondade dos outros
(mesmo quando ela não existe).
Talvez
eu espere, assim, que as pessoas me tratem tão bem quanto eu pretendo
tratá-las.
Talvez
eu erre.
Talvez
eu erre muito.
Talvez
eu esteja um pouco cansado das pessoas; das suas mentiras, traições, palavras
em vão.
Talvez
eu não seja mais o mesmo.
Talvez
eu esteja aprendendo a descrer no mundo e nas pessoas (mesmo que isso me doa).
Talvez
eu esteja me tornando aquilo que eu sempre tive medo: um adulto.
Talvez
eu esteja me tornando aquilo que eu sempre tive medo: um adulto que, nas
palavras de alguém, seja frio e cruel.
Talvez
eu não tenha mais aquela alma infantil tão bondosa e apaixonada pelo mundo.
Talvez
eu esteja errado.
Eu
estou errado.
Afinal,
eu sempre erro (Não é mesmo?).
Acho
que todos esses “talvezes” na minha cabeça sejam fruto da minha capacidade de
acreditar nas palavras dos outros. Talvez eu escute muito, fale pouco.
Engraçado...
Talvez eu não esteja errado.
Talvez
eu esteja rodeado das pessoas erradas (algumas).
Talvez
eu tenha encontrado (algumas) pessoas egoístas, cruéis, mesquinhas.
Hoje
tenho a certeza de que não sou o vilão. Não sou o cara frio e cruel. Acho que
finalmente aprendi a não me calar mais com as coisas que me incomodam.
Talvez
essa “frieza” e essa “crueldade” que tanto dizem seja apenas o reflexo da
mudança.
Talvez
eu esteja assustando por estar reagindo, por não deixar que as pessoas ditem,
mais uma vez, a minha vida. Por deixar que elas não pisem mais em mim.
Talvez
eu tenha aprendido a lição.
Talvez
agora eu me enxergue como eu sou de verdade.
Texto Originalmente publicado em 11 de fevereiro
de 2016.
Revisado em 03 de outubro de 2021.
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