Espelho
E então te vejo.
Me olho.
Me perco.
Desejo.
Te quero.
Espero.
Sinto aquele vazio.
Tão frio.
E eis que, finalmente, recobro a consciência.
Foi um sonho. Ou seria um pesadelo?
Amar-te foi meu fardo.
Agora, aqui, deitado, questiono meus sentimentos.
Meu amor foi verdadeiro e o seu sequer existiu.
Palavras soltas ao vento.
As quais, agora, espero que sejam levadas pelo tempo em
direção ao esquecimento.
Hoje não te vejo, já me encontrei.
Ou reencontrei?
Não te desejo, não te quero.
Esperar jamais.
Sobrou apenas o meu olhar para o espelho.
As lágrimas, a barba, elas já não estão mais lá.
Porém, o olhar vazio e perdido ainda se encontra no mesmo reflexo.
Saio, viro meu olhar e, quando menos esperar, ela estará lá.
Alguém por quem nutrirei sentimentos quiçá mais fortes.
Novamente me ouso à loucura do amor.
Em meio a beijos e abraços, sinto que não sou mais o mesmo.
Fujo, corro.
Desejo um coração mais frio.
Não por você.
E percebo que ele já se tornou frio não por você, mas para
você.
Não estou mais aqui.
Te esqueço.
Amo. Sofro.
Amo. Sofro. Amo. Sofro.
Vivo.
Corro atrás da felicidade até então negada.
E então, no caminho, me encontro.
Texto Originalmente publicado em 26 de janeiro de 2015.
Revisado em 30 de setembro de 2020.
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