Esse texto não é para você

(Cena do filme "As Vantagens de Ser Invisível")

(Para quem desconhece, essa música toca no filme "P.S.: Eu te amo".)

                Esse é um texto diferente. Esse texto é para você que se considera careta, fechado (a), que pensa estar num mundo onde não deveria estar. Esse texto é para você que não vê graça em bebidas e em festas, é para você que acredita no amor altruísta, é para você que não se enxerga apenas como uma máquina de beijos e sexo. Esse texto é para você, que assim como eu, “não é bom o suficiente”. Portanto, se você se sente distante da descrição desse primeiro parágrafo, feche a página.
                Passei muito tempo tentando ser o príncipe encantado montado num cavalo branco. Tentei ser o cara perfeito e falhei. Era doloroso ouvir um “você é apenas meu amigo” e me culpar incansavelmente por ser alguém alheio ao mundo de hoje. Eu consegui me culpar por muito tempo por ser um termo à parte da sociedade, mas aos poucos fui percebendo que não havia erro algum. Nunca gostei de festas, nunca gostei de bebidas, nunca gostei dessa ideia de ter uma contagem de bocas beijadas ou corpos tocados. Não... Eu não sou assim. Eu não preciso ser assim. Nunca esperei encontrar uma princesa. Pelo contrário, sempre quis encontrar uma mulher de verdade que, assim como eu, tivesse qualidades defeitos.
Com o passar dos anos, fui descobrindo algo doloroso: vivemos num mundo egoísta. Muitos querem amar, muitos querem ser amados, mas são raras as pessoas que se dispõem a viver um amor. Vivemos no mundo onde uma festa importa mais do que estar com alguém, onde abrir mão de algo é ter sua liberdade tirada, onde competimos para ver quem menos demonstra seus sentimentos.
Amor é um bicho complexo e complicado. É uma estrada de mão-dupla onde os dois corpos precisam andar lado a lado, num compasso, dialogando, entendendo, aceitando, perdoando, buscando encontrar soluções para tudo aquilo que houver. Amar nos dias de hoje é difícil, mas não é impossível.
Esse texto é pra você, que assim como eu, já foi machucado, culpado pelos seus medos e inseguranças. E eu quero te dizer: está tudo bem, você não precisa se martirizar por isso. É normal sentir medo, é normal não gostar de festas, é normal querer alguém que se pareça com você. É normal querer viver uma história de amor como você sempre sonhou. É normal ter traumas, ter falta de confiança. É normal querer ser o “algo a mais” de alguém. E está tudo bem em ser “careta”. Você não precisa viver um amor que te force a ser quem você não é. “Nós aceitamos o amor que achamos merecer” e somos merecedores de muito mais do que nos é oferecido em festas e relacionamentos vazios e superficiais. Nós ainda podemos ter um final feliz. 

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