Palavras

Eu sinto meu coração acelerar. É como se, mais uma vez, meu corpo se enchesse de virtudes, como se as melhores coisas que existem em mim exalassem espontaneamente, sem pestanejar, num rompante. As tuas palavras me alegram, me fazem delirar, acalentam meu coração e, ao mesmo tempo, são capazes de provocar mais uma das feridas do jeito que só você pode fazer.

Nunca me imaginei em tal situação. Nunca me imaginei amando alguém tão profundamente e agora, em meio a tantos sentimentos, eu não sei nem mais o que sentir. Amor ou ódio, tristeza ou alegria... Nada. Apenas um eu apático, que de tanto se ferir, deixou de esperar. Um alguém que deixou de esperar pelos amores, passou a esperar as dores, um eu pessimista que só consegue enxergar o pior em todas as pessoas que se aproximam. É um erro. Eu sei. Porém, na maioria das vezes, a melhor forma de enfrentar seus medos, é permitindo que eles entrem em você.

Eu tenho medo. Eu tenho medo das palavras jogadas ao vento, sem sentimentos, apenas palavras ditas ao acaso. Eu tenho medo das palavras de quem não ama e as joga ao relento sem nenhuma perspectiva do sofrimento que podem causar. Sofrimento sim. Eu tenho medo dos falsos amores, das falsas verdades que nos são ditas, dos “Eu te amo!” tão banalizados, tão mascarados com nenhuma verdade de sentimento. Eu tenho medo das pessoas que mexem conosco, que nos despertam o melhor e depois nos fazem sentir o pior.

Uma vez disseram me amar. Uma vez me fizeram acreditar em sentimentos e eu o fiz. Acreditei cegamente, amei incondicionalmente e, por fim, sofri de uma forma que jamais pensei. Hoje o meu coração se quebrou, falta nele um pedaço importante que nem eu mesmo sei onde ficou e nem saberia como colocar de volta. Hoje o meu coração não mais sente intensamente, não consegue acreditar em palavras, em gestos; há apenas um coração tomado pela inércia e pela indiferença. Um coração gélido, massacrado, pisado, estraçalhado e que, ao longo dos anos, construiu uma forte carapaça para se proteger da maior doença de todas: o falso-amor.

Algumas pessoas dirão que é covardia evitar uma paixão, outras dirão que é um ato de bravura, mas eu não concordo com tais definições. Evitar uma paixão é um ato egoísta para o altruísmo de amar a si próprio. Por fim, acho que me tornei aquilo que mais odiava: um homem com o coração vazio. Acredito que as palavras que tanto vociferei para mim anos atrás não fazem mais sentido. Palavras, palavras, palavras... Palavras impensadas que, por mais simples e belas que sejam, podem nos marcar eternamente, mantendo feridas que nem o tempo pode apagar.

 

Texto Originalmente publicado em 16 de novembro de 2015.

Revisado em 28 de junho de 2021.



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