Sobre Dores e Amores
Desde
criança, sempre imaginei que um dia me apaixonaria. Não calculei uma idade
provável, a ocasião ou o lugar, mas sabia que algum dia isso iria acontecer.
Sempre pensei no amor como algo sublime, doce, leve, algo que me fizesse
levitar sem tirar meus pés do chão, algo que me fizesse viajar sem precisar de
uma passagem; algo que me fizesse ter uma felicidade que eu seria incapaz de
conter, que transbordaria nas minhas palavras, gestos e pensamentos.
Aos
poucos, fui amadurecendo, me apaixonei algumas vezes e cheguei à conclusão de
que amar nem sempre nos faz bem. Amar é uma escolha difícil e, infelizmente,
poucas pessoas hoje em dia são capazes de optar por essa escolha. Muitas vezes
me perguntei se havia uma estupidez em mim por ainda acreditar no amor...
Acreditei que eu fosse apenas mais alguém que não aprende com os erros ou um
iludido que escolhe amar mesmo sabendo que vai se ferir.
Quando
amamos alguém, vivemos um êxtase inicial, uma sensação de que nada nem ninguém
poderá destruir aquele sentimento. Aos poucos, os obstáculos aparecem e aquele
êxtase, aquela felicidade, de outrora vai esmaecendo. Aos poucos percebemos que
estar com alguém nos torna não somente felizes, mas nos oferece grandes riscos
e grandes escolhas. Às vezes, amar alguém nos faz doer o coração... E isso nem
sempre é algo bom.
Amor
não é festa, nem carnaval e nem livro. Amor é realidade, amor é lidar com
decepções e mágoas, com a rotina, com gênios difíceis, com personalidades
opostas, com adversidades, com o tempo, com a distância, com o que for; e ainda
assim continuar a amar não apenas o outro, mas a si mesmo. Um amor não é
verdadeiro apenas quando nos faz feliz em tempo integral. Um amor só é
verdadeiro quando, cotidianamente, pesamos em uma balança se aquela história de
amor ainda vale à pena ser vivida... Não existe uma fórmula certa para se amar.
Texto Originalmente publicado em 16 de novembro
de 2015.
Revisado em 28 de junho de 2021.
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