Cacos
Certa
vez me julgaram por ser tão racional. Em troca respondi:
– Sou
um emocional que aprendeu a mentir sobre a racionalidade!
Sim. É
impossível sermos completamente racionais. É impossível que nunca tenhamos a
atormentadora vontade de querer tentar, de querer se jogar, a vontade de, ao
menos uma vez na vida, agir por impulso, mergulhar numa paixão, tentar
compreender o que é aquilo que todos chamam de amor.
Querer,
desejar, amar alguém é saber colocar não as prioridades do outro diante das
suas, mas agir em conjunto: dividir sonhos, desejos, medos, alegrias, angústias
e tudo mais que houver. Amar não é querer que o outro peça perdão por tudo.
Amar alguém é aceitar essa pessoa com todos os seus defeitos e qualidades, mas
é também saber a hora de partir, quando preciso.
“O
amor é para os fortes!”, disse-me uma grande amiga quando falei – do auge da
minha “racionalidade” – que o amor era uma fraqueza. Para amar é preciso saber
calar, compartilhar, buscar entender alguém e até mesmo enfrentar e mostrar
suas vontades. Amor é transcendental. Amar é para os fortes. Amor é egoísmo de
primeira pessoa do plural. É desejar tudo de melhor ao “nós”.
Os
“ditos racionais” são aqueles que pensam demais no “eu”. Não os julgue. Eles
sabem amar. Só estão juntando os cacos das “n” vezes em que sofreram por amar
demais. Assim como eu.
Texto Originalmente publicado em 04 de fevereiro
de 2015.
Revisado em 18 de outubro de 2020.
Comentários
Postar um comentário