Folha Em Branco
Estou
farto dessas introduções, desenvolvimentos e argumentos. Estou farto desse meu
“eu” de terceira pessoa, que tanto analisa e em nada se inclui. Estou cansado
de ser um refém de palavras, de gestos, de frases. Cansei de ser um refém da
minha própria pessoa.
Estive
buscando conclusões. Estive buscando vírgulas, pontos finais ou de segmento.
Tudo aquilo que possa me ajudar a encarar os fins e saber se eles finalmente
justificam os meios. (Não. Eles não os justificam.) Por mais que o texto desses
meus capítulos intermináveis e tão confusos seja tão conectado, tão preso, tão
amarrado, não parece haver conexão entre os fins e os meios. Eles não se
encaixam. Histórias que nunca se findam e que mais parecem me torturar.
Creio
que perdi meus conectivos, minhas amarras, minhas frases de efeito. Minhas conjunções
tornaram-se solitárias e não conectam nada mais. Histórias soltas e presas
apenas por pontos e vírgulas que as separam mais do que tudo e que não caminham
para lugar nenhum.
Tenho
buscado novas formas de pensar, de agir. Tentativas frustradas de retomar o meu
texto, de reescrever minhas introduções, desenvolvimentos e conclusões, de
fazer com que eles, finalmente, se encaixem. Mas nada tem feito sentido. As
palavras tornaram-se vazias, fracas, cansadas. Acho que elas precisam de um
tempo. Um tempo para respirar, um tempo para que as minhas palavras e histórias
possam se tornar novamente “conectáveis”.
Creio
que eu precise rasgar esse texto. Riscá-lo totalmente como num dos meus acessos
de raiva e depois respirar aliviado. Pensar novamente em uma nova história e
escrevê-la do início. Novo início, novo meio, novo fim e uma tentativa
incansável de fazer com que todas aquelas palavras façam algum sentido.
Eu
tenho buscado um novo começo. Um novo começo não apenas no texto, mas na vida,
em tudo. Aos poucos tenho me tocado que as antigas palavras se tornaram distantes.
Creio que deixarei os pedaços de papel rasgados em alguma caixa para que, algum
dia, eu possa me lembrar que, antes de acertar os caminhos que segui, eu errei.
E errei feio! Errei várias vezes.
É
hora de um novo começo, é hora de uma nova vida, de novas palavras, de novos
textos, de novas histórias. Eu quero introduzir uma nova vida. Eu preciso de
uma folha em branco na qual eu possa, simplesmente, recomeçar. Eu não quero
mais ser um narrador observador da minha própria história, da minha própria
loucura. Eu quero escrever em primeira pessoa. Eu quero ser o meu próprio
protagonista. Eu quero ser o meu próprio vilão, o meu próprio argumento. Eu
quero, simplesmente, escrever a minha história. Eu quero, simplesmente,
escrever sobre mim. Eu quero, simplesmente, recomeçar.
Texto Originalmente publicado em 22 de março
de 2015.
Muito bommm!!
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