Finais Felizes

Sempre acreditei em finais felizes. Podem me chamar de tolo, idiota ou utilizem o adjetivo que melhor se encaixar, mas sempre acreditei nisso – e muito! Sempre acreditei que, ao final de uma história, mocinhos seriam beneficiados por suas boas ações e teriam seus finais felizes ao lado dos seus amores ou com uma viagem ou com a realização de um sonho. Os vilões seriam castigados, punidos severamente. E assim, ao final de uma bela cena, surgiriam as palavras “The End” ou “Fim” – não importa.

Aos poucos passei a enxergar a vida com outros olhos. Passei a ser “pessimista”, como minha mãe prefere dizer; mas prefiro utilizar a palavra “realista”. Passei a acreditar e enxergar que não existem finais felizes. As histórias que possuem “finais felizes” foram feitas para serem vendidas com o intuito de iludir ou de dar um simples vestígio de esperança para aqueles que já perderam a fé em tal utopia. Não são reais.

Não existem finais felizes. Não existem histórias que acabem com finais perfeitos, com vilões humilhados e mocinhos alegres. Não existem finais. Aliás, acho que o único final que exista é a morte.

Somos enganados durante toda a nossa vida com a ideia de um “final feliz”. Porém, o que viria depois daquele final?! O que viria depois do casamento da Branca de Neve com o seu príncipe encantado? O que viria depois de a Chapeuzinho Vermelho se reunir com sua avó? O que virá depois dos momentos em que pensamos ser as pessoas mais felizes da face da Terra?

Todas as histórias que vemos e ouvimos com tantos “finais felizes” se encerram ali, naquele momento, onde todos os personagens e leitores/ouvintes acreditam que nada mais poderá abalar tal felicidade. Não existem finais felizes. A vida não é doce e alegre como nos filmes. Haverá sempre alguém disposto a nos puxar o tapete, a nos trair, a mentir, a iludir, a ludibriar com algumas doces palavras de amor ou de amizade; e, mesmo assim, quando não houver um alguém que nos faça parar de pensar naquele momento como um “final feliz”, nós mesmos podemos ser capazes de destruir nossa própria felicidade.

É impossível ser feliz uma vida inteira. É impossível que a vida seja feita somente de alegrias quando, infelizmente, são os momentos tristes que nos impulsionam a querer algo melhor, a desejar a felicidade. O que seria da alegria sem a tristeza? É a simples lei da “oferta e procura”: quanto mais temos algo, menos valor isso terá.

Felicidade não é palpável, não é comprável e, nem de longe, será eterna.

 

Texto Originalmente publicado em 02 de dezembro de 2015.

Revisado em 28 de junho de 2021.



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