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Recentemente me disseram que temos 1 chance em 285 mil de encontrarmos e nos apaixonarmos pela pessoa ideal. Passei anos e mais anos acreditando em tal chance de viver aquele amor épico, cinematográfico; mas acabei percebendo que essa busca era mais difícil do que parecia. Por mais que o meu coração palpitasse e batesse por algumas garotas ao longo de tal período, percebi que tudo não passava de um encanto inicial e que, aos poucos, ele ia se desfazendo. Aquela 1 chance tornava-se uma das 284.999 que poderiam dar errado.

Muitas pessoas me julgaram por ser romântico. Diziam que eu era imbecil, iludido, trouxa e que jamais encontraria alguém ideal. De fato, eles estavam duplamente certos. Primeiramente, fui um baita imbecil ao acreditar em juras de amor, em acreditar em doces palavras que não passavam apenas de jogos. Segundamente, por tais pessoas falarem que eu jamais encontraria alguém ideal. Eles estavam certos: não existe um alguém ideal.

Nos romances, sempre vi que as pessoas eram encantadoras pelas suas personalidades marcantes, pelas suas qualidades e que seus defeitos malmente eram citados. Teria sido Bentinho apenas um bobo apaixonado ou homem extremamente ciumento e possessivo? Onde estavam os defeitos que aproximariam tais personagens da nossa realidade?

Vivemos uma época onde os romances parecem ter perdido a sua credibilidade – em sua maioria. As pessoas se prendem em relações vazias, traem, julgam, não acreditam naqueles que os amam, criticam, comparam, humilham e, ao fim, ainda buscam ter a “razão”. Vivemos em uma era onde os egos falam mais alto, onde os jogos de conquista tornaram-se mais nítidos e onde o que mais interessa é ganhar mais curtidas e seguidores. Quanto mais pessoas nos bajulando, melhor. Infelizmente.

Eu ainda acredito no amor. Por mais que me critiquem, que me façam chorar, sofrer, que me façam me arrepender de todos os momentos e palavras; eu acredito. Acredito e vou morrer acreditando no meu ideal de que, um dia, eu encontrarei alguém que, aos meus olhos, poderá ser “ideal”, mas não por simplesmente ser “a garota ideal”.

Eu quero um “amor ideal” onde não vão importar somente aparências, beijos e abraços, mas a vontade de querer dar certo. Eu quero um “amor ideal” que não me julgue, que não me peça para mudar, que não me faça chorar. Eu quero um “amor ideal” em um mundo onde ela irá confiar em minhas palavras de alerta, onde não existam joguinhos de ciúmes e/ou comparações. Eu quero um “amor ideal” que saiba me amar com todas as minhas qualidades e defeitos, assim como eu a amarei de tal forma. Eu não quero ter a única chance dentre 285 mil de encontrar e me apaixonar pela pessoa ideal, mas quero ter a única chance dentre as mesmas 285 mil de me apaixonar por alguém e encontrar com ela todas as chances possíveis e impossíveis para fazer o nosso amor dar certo.

 

Texto Originalmente publicado em 13 de janeiro de 2016.

Revisado em 28 de agosto de 2021.

 

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