E que se ame! (ft. Ana Luíza Santana)
Uma
das maiores complicações existentes no mundo é definir, de uma forma universal,
o amor. Para alguns, amor pode ser a presença; para outros, pode ser a presença
mesmo na ausência; para outros, pode ser o sexo; para outros, pode ser o beijo;
para outros pode ser a união de todas essas “definições” e ainda há aqueles que
não concordem com nenhuma delas. A gramática me diz que a palavra amor é um
substantivo abstrato, algo que não pode ser tocado. Discordo. Amor não é
somente o sentimento, amor pode ser um desenho, uma música, um lugar; amor pode
até estar personificado em alguém.
Parece,
aliás, livro-me de incertezas e digo com toda a convicção que, sim, existe uma
energia muito grande, uma força invisível entre duas pessoas que se amam. Quando
perto, sinto o amor ao tocar. Ao beijar e abraçar. Ao olhar nos olhos e
enxergar um brilho diferente. Sinto o amor quando penso que eu podia estar com
qualquer outra pessoa no mundo, mas estou ali. Com aquela. Só com ela. E por
quê? Por que aquela? Nunca consigo
responder totalmente isso. Porque se o amor é indefinido, seus derivados e
consequências são quase sempre inexplicáveis.
Amor é
querer ficar mesmo tendo que partir, mas levar consigo um pedaço daquela pessoa
dentro de si – mesmo quando queremos levá-la por completo. Amor é você olhar
para alguém – um alguém que você simplesmente conheceu; de uma forma especial
ou não – e sorrir, simplesmente sorrir. Amor é quando o simples toque de duas
mãos se faz suficiente. É quando o sexo não é algo apenas carnal, é
transcendental. É quando o beijo te faz ouvir aqueles famosos sinos. É quando a
vontade de abraçar se resume ao mais apertado dos abraços, um abraço tão
apertado que te faz ter a vontade de nunca mais querer sair dali. Amor “é nunca
contentar-se de contente”, “é querer estar preso por vontade”; como já diria
Luís Vaz de Camões.
Entretanto,
apesar de tudo, somente o amor não é suficiente para manter por muito tempo uma
relação (seja ela qual for), e isso todos sabemos. Mas ele é tão nobre e foge
de qualquer explicação definitiva racional, que somente através dele podemos
extrair a capacidade e a força necessária para buscarmos achar ou criar as
outras coisas necessárias para se manter alguém conosco por amor. Com amor.
Olha que loucura! Somente do próprio amor podemos extrair os outros bens
necessários para manter ele mesmo conosco. É, definitivamente, algo surreal. E
é isso que o faz tão magnífico. Tão nobre. Tão digno de todo esforço e alegria
para/ao tê-lo. Isso faz dele algo para
não se implorar e jamais se jogar fora. Amor é o paradoxo do furacão que nos
invade e traz calmaria. É antítese da certeza e dúvida. Amar é bom. Ser amado é
maravilhoso. Viver esse sentimento é inexplicável. Amor é aquilo que, por
simplesmente existir, já nos faz feliz. E
que se ame e que se dane todo o resto que queira impedir isso. O que vale é
amar!
Ana
Luiza Santana é autora da página Deixa Fluir!
Texto Originalmente publicado em 20 de janeiro
de 2016.
Revisado em 03 de outubro de 2021.
Comentários
Postar um comentário