Para Esquecer

Hello, stranger! Lembra de mim? Sou eu, aquele alguém que você um dia disse gostar.

Hello, stranger! Talvez o tempo tenha passado. Aliás, acho que ele passou. Um mês? Um ano? Perdi as contas. Justo eu, sempre tão preciso com datas e palavras, acabei me tornando refém delas... Refém da falta de tempo e da falta de palavras.

Hello, stranger! Eu me lembro bem da nossa última conversa. Lembro das minhas palavras de ódio, lembro de como eu me irritei com você por descobrir coisas que até o diabo duvidaria. Eu me lembro tão bem daqueles dias, daquela primavera ensolarada em que te conheci. Parece até que foi ontem. Parece até que foi um ano atrás. Eu me lembro das minhas juras de amor e dos teus pedidos de “Não me prometa nada!”. Eu não devia ter prometido. Não por mim, mas por você. Eu queria ter cumprido as minhas promessas de amor, as minhas palavras de fidelidade, de compreensão. Eu queria... E eu queria tanto que, de tanto querer, acabei me deixando perder do bem mais precioso que já tive: eu mesmo.

Hello, stranger! Talvez você não se lembre de como me feriu. Talvez você esteja cansada de mim. Talvez você me ache um tolo. Talvez você continue a acreditar nas tuas verdades. Talvez você não acredite em mim – como não acreditou . Talvez você nunca tenha acreditado no meu amor. Talvez você nunca tenha acreditado no teu amor – se é que ele existiu. Eu deveria não ter acreditado. Talvez você esteja cansada, ou sei lá. É tão difícil te definir, minha escuridão. É tão difícil descrever ou deduzir aquilo que se passa por essa tua cabeça perturbada, doentia e insana. Talvez você seja louca, louca de pedra. Talvez eu seja louco, louco de pedra por um dia ter amado você.

Hello, stranger! Eu sempre acreditei na força das palavras. Sempre acreditei que elas são capazes de mudar o mundo e, enquanto eu te dedicava as minhas melhores palavras, eu tive de você o oposto: as palavras mais cruéis que um apaixonado pode ouvir de quem se ama. Foram palavras de desamor. Foram palavras de dúvida, de falta de compaixão, de falta de afeto. Foram palavras de falta de amor.

Hello, stranger! Eu não consigo mais chorar. Talvez as minhas lágrimas tenham secado depois daqueles três longos dias – lembra do número três? –, talvez eu tenha cansado de sofrer, talvez eu tenha aprendido a mentir como você. Talvez eu tenha deixado a escuridão entrar em mim depois de tanto encará-la nos olhos; depois de tanto te encarar nos olhos. Talvez eu tenha me perdido um pouco de mim, ou melhor, talvez eu tenha me perdido um pouco daquilo que eu achava que eu era. Talvez eu finalmente tenha me encontrado, talvez eu esteja ocupado tentando me fazer feliz.

Hello, stranger! Você se lembra do nosso primeiro olhar? E do nosso primeiro beijo? Lembra do abraço apertado e suado? Você lembra? Você se lembra de quando me olhou nos olhos e sorriu? Lembra? Você se lembra da época das flores? Você se lembra daquela primavera? Você se lembra do motivo de termos deixado, ou melhor, de você ter deixado que ficássemos resumidos a essas secas e quebradas folhas de louro? Você se lembra de como as tuas palavras me feriram? Você se lembra de como você me humilhou? Você lembra? Você lembra das folhas de louro?

Hello, stranger! Hoje eu queria esquecer. “Pra nunca esquecer”. Hoje eu queria me perder um pouco de mim, quem sabe beber, quem sabe sumir, quem sabe não pensar? Hoje eu queria poder esquecer a tua voz, o teu cheiro, as tuas palavras... As tuas (malditas) palavras! Foram elas as maiores armas que você apontou pra mim: as palavras. Lembra de quando você me procurava, me enchia de palavras de afeto e então desaparecia, como um fantasma?

Hello, stranger! Hoje eu queria esquecer. Queria esquecer as mágoas, o sofrimento, queria esquecer as humilhações, as brigas. Eu queria esquecer de quando você duvidou de mim, de quando me comparou. Eu queria esquecer todas aquelas malditas palavras. Eu queria esquecer as boas lembranças, os nossos beijos e abraços, os amassos também. Eu queria, como eu queria, esquecer você.

(pausa)

Hello, stranger! Talvez você não se lembre de como eu te amei. Talvez um dia você se recorde de mim como “aquele garoto bobo e inocente” que um dia você usou, que você iludiu. Talvez um dia eu seja o homem que você tanto dizia procurar, talvez um dia você seja a pessoa que tanto acreditei existir. Talvez você nem se lembre de mim. Talvez você nem exista mais para mim.

Hello, stranger! Acho que, no fundo, eu me apaixonei por uma estranha. Acho que você nunca se mostrou pra mim verdadeiramente. Acho que, no fundo, você nunca foi aquela mulher que eu pensei amar. Que eu pensei amar (ou que eu amei?). Talvez eu tenha me apaixonado pela “garota do blog”, pela garota que nunca existiu.

Hello, stranger! Perdoa essas minhas palavras. Elas são um simples desabafo. O desabafo de alguém que acredita ter desaprendido a escrever, um alguém que acredita ser incapaz de ser amado. Um alguém que aprendeu, da forma mais dura possível, como o amor pode nos machucar.

Hello, stranger! Essa é a minha deixa, a minha despedida. É o meu “Felizes para sempre”. Talvez você não leia essas palavras, talvez leia. É tudo tão incerto agora. Aliás, acho que sempre foi. Com você sempre foi.

Hello, stranger! Essas são as minhas últimas palavras para você. Palavras para te fazer lembrar sobre aquele lugar que só nós conhecemos. São palavras para te fazer um dia se lembrar de quem eu fui. Esse é o ponto final da nossa história e, para evitar que seja um “ponto de continuação”, eu irei rasgar essas páginas; irei queimá-las junto às tais folhas de louro. Você se lembra delas?

Hello, stranger! Essas palavras foram feitas para você. Pra (você) nunca esquecer que a culpa foi toda tua. Pra (você) nunca esquecer o quanto eu (acho que) amei você! Pra (eu) esquecer que um dia amei você.

 

Texto Originalmente publicado em 26 de janeiro de 2016.

Revisado em 03 de outubro de 2021.



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