(Im)Possível
Eu nunca te disse - nem em
linhas corridas nem em pequenos gestos - o quanto fui feliz em te amar. Sim...
Eu te amei. Acho que do meu jeito torto, inseguro e errante foi amor.
Ainda me lembro como se fosse
hoje daquela segunda-feira à tarde. Conversamos na noite anterior e ali
continuamos o nosso papo aleatório sobre coisas que nem lembro mais quais eram.
Ali você me encantou – com o teu jeito espontâneo, decidido e incrivelmente
feliz de ser.
Naquela noite, o meu único plano
era ficar em casa. Resolvi fingir o acaso e aparecer no mesmo lugar em que você
estaria. Não sei se você caiu na minha desculpa de que eu estava ali por
acaso...
Saiba que não foi.
Acho que tivemos tantas idas e
vindas que, no fundo, só ficou uma mistura de saudade, de desejo e de
curiosidade do que poderia ser. Talvez tenha sido assim entre nós. Éramos - e
somos - sempre tão distintos, tão distantes, tão antônimos. Você a intensidade,
eu a calmaria. Eu a desilusão e você a esperança. Até que, quando então, eu fui
a intensidade e a esperança, você foi a calmaria e a desilusão... Tão opostos.
Inclusive nos pequenos detalhes. Tantos nós envolvidos entre nós e acho que
somente uma vez - quando te enviei aquele áudio ao som da nossa música - eu fui completamente honesto contigo.
Acho que a verdade é que sempre
parecemos vibrar em frequências diferentes - em TODAS as nossas idas e vindas. Eu
prosa, você poesia. Eu a razão, você a emoção. Talvez, no fundo, tenhamos sido
um belo par de opostos unido por um sentimento e que, sem saber, ao usar as
melhores armas para lutar por esse amor possível-impossível, acabamos por nos
afastar.
Acho que somos assim: um casal
do possível, do que poderia ser, mas, ao mesmo tempo, do impossível.
Talvez você não saiba disso
também – e pareço ter vários segredos guardados de ti quanto aos meus
sentimentos –, mas ainda me lembro com exatidão daquela noite. O teu sorriso, o
teu olhar, a tua leveza, o teu jeito escandaloso, doce e, ao mesmo tempo firme.
Talvez tenha sido assim também naquela outra noite em que te beijei sobre o
luar. Talvez tenha sido assim naquela noite em que você trajava um vestido verde,
no dia em que eu te vi brilhando de uma forma que eu jamais pudera imaginar.
Ali, ao longe, eu te admirava.
Ali, enquanto você me mostrava a
poesia escrita sobre mim, em nada eu consegui prestar a atenção. Só havia você,
como uma estrela tímida que, sem querer, acaba por roubar toda a atenção para
si – e sim, essa é você.
Acho que assim somos nós... Disjuntos conectados por alguns milésimos de segundo ao longo da vida. Uma admiração mútua, um carinho recíproco, mas que, como eu disse algumas linhas acima, se trata de uma verdadeira possibilidade em meio ao impossível.
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