Uma Nova Barreira de Sentimentos
Quando, lá em 2012, resolvi criar o
“Barreira de Sentimentos”, eu, com toda a certeza do mundo, não era o cara que
sou hoje em dia. Lá, havia um menino assustado, com medo, angustiado, cheio de
incertezas sobre o futuro, sobre o amor, sobre profissões... Sobre a vida...
Assim como em “Dom Casmurro” Bentinho questiona se a Capitu da Praia da Glória
estava dentro da de Matacavalos, eu me questiono se o meu Eu de 2020 estava
dentro do de 2012. Ou, melhor ainda, volta e meia também costumo me indagar se
o meu Eu de 2012 ainda permanece dentro daquele que sou hoje em dia.
Acredito que, no fundo, aquele Eu de oito anos atrás ainda esteja aqui – como se fosse um denominador comum –, mas que se modificou bastante. Foram tantas coisas, tantas histórias – algumas compartilhadas aqui em primeira pessoa, outras sob a alcunha de alguma personagem –, mas a verdade é que, diante dessa mudança toda, eu continuo a me questionar se ainda há, ao meu redor uma Barreira de Sentimentos.
Lá atrás, eu acreditava que não sentir era o que de melhor eu poderia fazer, como uma forma de me proteger. Tão jovem, tão desiludido, tão desacreditado, tão ingênuo em pensar daquele modo... Aos poucos fui sendo surpreendido – constantemente – com o movimento da vida; da mesma forma com que a areia da praia se preenche com a água que chega para que, logo em seguida, a veja ir embora... Nunca a mesma água nos inundará e nem a mesma areia continuará ali.
No Dicionário online Michaelis, a palavra “barreira” possui, como primeira definição, a seguinte:
“Obstáculo formado por estacas, fincadas no
chão, bem próximas umas das outras e enfileiradas; estacada.”
A “barreira” pode ser vista como
algo que protege, algo que impede o perigo, entradas indevidas – e acho que eu,
no auge dos meus dezessete (ou dezoito?) e poucos anos – pensava da mesma
forma. Alguém que tentava in-can-sa-vel-men-te se proteger de tudo aquilo que
pudesse vir. Por mais que, hoje em dia, eu ainda seja um Eu que se protege, que
pensa bem antes de agir, um comedido e precavido por vida, acredito que aquele
medo foi se dissolvendo aos poucos... Ele não é mais daquela forma – e nem eu.
Na tentativa de buscar um recomeço,
pensei em renomear o blog. Não sei...
Algo novo, diferente, que indicasse quem eu sou atualmente. Porém, nada me
agradava. Acabei resolvendo usar o nome “Barreira de Sentimentos” como uma
piada interna de alguém que escreve num blog com esse título justamente sobre
os seus sentimentos e as suas inquietudes. Até que hoje me ocorreu a ideia de
pesquisar sobre o significado das barreiras e qual não foi a minha surpresa ao
encontrar as seguintes definições (também no Dicionário online Michaelis):
“(antigo) Lugar nos acessos de cidade ou de
povoado onde havia posto fiscal para a cobrança de taxas relativas à entrada de
produtos ou de mercadorias.”
“(linguagem figurada) Aquilo que se pretende
atingir; alvo, espaço, objetivo.”
Acredito que acabei encontrando o significado para o que eu queria... Talvez o “Barreira de Sentimentos” não seja mais, hoje em dia, um espaço de proteção, onde são lançadas as minhas inquietudes com o intuito de me proteger do mundo. Tornou-se um espaço aberto, onde eu, enquanto fiscal dessa barreira, permito tudo aquilo que pode sair, mas também tudo aquilo que pode entrar na minha vida... Todas as experiências, vivências, inquietudes e, também, sentimentos. Trata-se de um novo começo, um recomeço, onde pretendo trazer, aos poucos, esse meu novo Eu, as minhas novas percepções, mas também, aprender com aqueles que leem meus escritos e que possam querer interagir, bem como com as pessoas ao meu redor. Eu espero que vocês gostam dessa nova versão de mim tanto quanto eu tenho gostado.
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