Sentimento #017 – Nossas Máscaras
–
Dorothy Gilmam
Em sua teoria psicológica, Carl
Gustav Jung definiu que um dos arquétipos que constituem a nossa personalidade
é a persona. Trata-se daquilo que mostramos ao mundo, como uma máscara, um
personagem.
Acredito que é impossível sermos
quem somos em nossa totalidade a todo momento. Às vezes por necessidade, às
vezes por obrigação, às vezes por querer... Simplesmente criamos certos
personagens, figuras feitas sobre e a partir de nós para mediar o nosso contato
com o mundo. Vários Eus que se mesclam em uma totalidade única e impossível de
ser totalmente decifrada.
Acho que talvez isso seja o mais
fascinante – e, também, o mais perturbador – da existência humana. Somos, em
nós mesmos, uma infinidade de possibilidades, de modos de ser. Seja para o bem
ou para o mal, vivemos e sobrevivemos graças as nossas máscaras, que nos
protegem no, por muitas vezes, terrível jogo da vida.
No fundo, acredito que seja
impossível conhecermos totalmente as pessoas que nos rodeiam, mas também penso
que seja bastante difícil conhecermos quem realmente somos. Talvez esse seja o
maior desafio da existência humana: saber identificar não apenas as máscaras
que usamos, mas, também, quem somos por trás delas. Não se trata apenas de
decifrar o outro, mas de decifrar a si mesmo.
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