Felicidade Passageira

Era junho. Tudo estava diferente. Eu estava diferente. Os sorrisos eram constantes, os pequenos instantes de felicidade também. Eu me olhava no espelho e conseguia admirar a pessoa que me tornei. No fim, tudo mudou.

Talvez eu devesse ter seguido como eu era até então. Talvez eu devesse ter segurado a onda e acreditado que tudo aquilo não passava de um momento, mas não. Eu e essa minha mania de acreditar que a felicidade chega e se torna algo constante. Assim que eu permiti que ela entrasse, tudo mudou. As coisas ficaram mais leves, eu parecia estar vivendo em um conto de fadas. Quando tudo acabou, o vazio ficou ainda maior.

Era como se eu tivesse conquistado algo que eu almejara durante tanto tempo que nem me lembrava mais de como tudo aquilo começou. Foi então que eu me vi com aquele pequeno pedaço de felicidade em minhas mãos. Como era leve, doce... Como eu me sentia em paz.

Então tudo mudou.

Os dias tornaram-se escuros novamente. O sol parou de brilhar. Os sorrisos tornaram-se escassos. Nada mais parecia fazer sentido. O vazio de antes, que fora rapidamente preenchido com aquela pequena felicidade, pareceu aumentar ainda mais. Tudo escoou por dentre meus dedos como num passe de mágica. Talvez o relógio tivesse marcado meia-noite e, com isso, o encanto fora desfeito.

Tudo mudou.

As lembranças daquele curto período ficaram marcadas não apenas em minha memória, mas também em minha pele, em minha alma. Tudo se foi. Apenas um terrível e angustiante vazio permaneceu. Nada mais.

Era junho. Tudo poderia ter sido diferente, mas não foi. Talvez aquilo servisse apenas para me ensinar a continuar tendo a esperança de que tudo um dia iria mudar. Talvez fosse apenas um lembrete de que, às vezes, algumas pessoas são incapazes de ter aquilo que tanto desejam.

Era junho e as lágrimas escorriam pelo meu rosto enquanto a chuva caía lá fora. 

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