Um Ser Só

Às vezes eu me sinto como um barco à deriva, em busca de uma direção, de um porto, de algo que me faça me sustentar, me firmar. Clamo pela terra firme, mas ela parece estar cada vez mais distante.

Sempre me senti só. Nunca fui o tipo de pessoa que tem uma porção de amigos. No fim das contas, eu só podia contar comigo mesmo. Por mais que tivessem pessoas ao meu lado, eu continuava só. Sem rumo. Sem direção. Sem suporte.

Em mim, havia um certo clamor: eu queria fazer parte. Queria ser como os outros garotos, as outras crianças, os outros adolescentes, os outros adultos... Sempre desejei ser alguém. Alguém maior do que eu parecia ser. Tentava seguir, tentava me adaptar, me moldar, mas nada parecia fazer sentido. Eu nunca era alguém ali. Nunca.

As minhas inseguranças, as minhas questões, os meus medos, todos eles pareciam gritar comigo. Ninguém parecia me querer ali. Ninguém...

Era doloroso saber que eu não fazia parte, que eu não era uma opção, que eu jamais seria escolhido. Doía. E como doía. Ninguém parecia tentar me aceitar. Ninguém parecia me querer ali. Eu era imperfeito.

Meus pensamentos catastróficos reforçavam a minha opinião mutilada sobre mim mesmo. Talvez eu fosse uma má pessoa, talvez eu não servisse para nada ali... Ninguém me queria ali...

Um vazio. Nenhum ponto de luz em meio à escuridão.

Somente eu. Um garoto-menino-homem assustado e sozinho... Sempre sozinho...

Aos poucos pareço ter morrido dentro de mim. Não foram apenas as minhas próprias mãos que me mataram, mas mãos alheias, mãos amigas – ou melhor, que se diziam amigas.

Eu não tinha função, eu não era uma opção, eu não formava uma opinião... Eu era apenas um ser-ninguém que não faziam questão de querer por perto. Um simples ser lançado ali ao acaso que pareciam não desejar simplesmente por ser diferente demais...

Um ser estranho, um corpo estranho... Um alguém que só servia a certos propósitos, mas nunca para ser nada mais do que aquilo. Um mero objeto. Uma mera figuração.

Na minha própria história.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A Resposta da Ninfa ao Pastor – Walter Raleigh

Sentimento #016 – O Significado do Amor