Caos de Mim
Às vezes tento encontrar, fora de mim, uma saída para que eu possa voltar a me enxergar com outros olhos. Talvez olhos mais doces e ternos, olhos de quem ama... Talvez seja isso o que eu mais tenha desejado nos últimos tempos: me olhar com gentileza, com cuidado, com amor.
A
verdade é que, ao longo dos últimos anos, eu tenho me perdido cada vez mais em
mim mesmo, como numa terrível tentativa de me proteger do mundo lá fora, das
crueldades cotidianas, das banalidades assustadoramente reais. Eu tenho
desejado fugir do lá para o cá, para dentro de mim, de quem eu sou de verdade.
Porém, quanto mais fujo, mais pareço me perder da minha própria história.
Tenho
desejado um recomeço, uma nova forma de enfrentar a vida. Um jeito novo de
poder me amar e viver sem me preocupar com os inúmeros “se” que aparecem em
meus pensamentos, sem hesitar, sem cogitar uma fuga maior ainda. Eu tenho
tentado viver em mim mesmo. Tenho tentado me proteger daquilo que mais me fere.
Tal
tentativa parece não ter surtido efeito. Tenho, cada vez mais, me distanciado
do meu verdadeiro EU. Parece que, quanto mais me busco, mais me afasto de mim
mesmo. Talvez seja por isso que eu deseje me olhar de um novo modo, de uma
forma exterior a mim, com olhos diferentes, novos, que possam me entregar a
sensação de ineditismo e de surpresa que tanto busco.
Tenho
andado cansado das velhas histórias, dos velhos roteiros. Tenho desejado
recomeços, novos rumos e trajetos que possam, de algum modo, me ensinar quem eu
realmente sou... Tenho andado perdido em meio ao caos de mim mesmo, tentando,
de todas as formas, me reencontrar, mas sem sequer conseguir me enxergar.
Tenho
tentado viver em mim, mas sem saber quem eu sou de verdade.
Tenho
tentado viver, mas sem sequer saber mais o que isso significa.
Tenho
tentado me amar, mas, ainda assim, sigo acreditando nas cruéis palavras que
dizem sobre mim.
Tenho
tentado me ver, mas sem saber me reconhecer em meio à escuridão.
Tenho
tentado ser, mas sem saber quem eu me tornei.
Um
velho remendo imerso em meio ao caos de si mesmo.
Acho
que talvez esse seja eu.
Um
alguém que busca, de todas as formas, se reencontrar.
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