Refém de Mim

O peso do meu corpo me impulsiona contra o chão. A superfície parece não mais me suportar. Estou exausto. As forças se esvaem lentamente, como se algo estivesse a sugar toda a minha energia vital. Pareço estar em meio a um redemoinho, algo que parece me sugar e, ao mesmo tempo, me arremessar a uma longa distância.

O meu corpo já não me responde mais. Os meus pensamentos se perdem em meio à escuridão dos meus dias. A minha cabeça – cada vez mais pesada – parece estar em uma atividade repetitiva e extenuante. Não tenho mais forças. Pareço ter me tornado uma marionete que é comandada pelos seus próprios medos, pelas minhas próprias angústias.

Tenho me tornado um refém de mim. A cada dia que passa, sinto-me controlado cada vez mais por tudo aquilo que me assombra, por tudo aquilo de ruim que carrego como resquício de histórias passadas. Sobras do tempo. Excessos de vida que me fazem sentir mais do que eu deveria – e queria – sentir.

Sou refém das minhas próprias palavras, dos meus próprios medos, dos meus próprios julgamentos. Um medo do outro refletido como medo de mim. Um medo do mundo que aflige, que ataca, a mim mesmo. Um ajustamento disfuncional de um Eu incapaz de se libertar de tudo o que foi, com medo de ser tudo o que ainda pode vir a ser.

Refém das maldades, das histórias malfadadas, refém do medo de sentir toda a dor novamente. Refém de um jogo de gato e rato criado pelo próprio autor-protagonista-antagonista de sua própria história.

Refém de mim, de todos os meus restos, de todas as minhas sobras.

Refém de tudo aquilo que um dia me fez não me sentir como eu mesmo.

Um refém da própria sombra e do medo que nunca parece deixar de existir.

Refém de mim. 

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