Renascer


Era a manhã de um domingo ensolarado. Eu vestia preto, como de costume. Por dentro, havia um turbilhão de emoções. Era o primeiro passo de uma longa jornada.

Afinal de contas, quem eu era?

Demorou um pouco para que eu pudesse descobrir. Acho que, na verdade, seria honesto dizer que ainda nem tenho a resposta completa para essa pergunta. Eu tenho tentado, ao longo desses últimos anos, me conhecer cada vez mais.

Quem eu era?

Quem eu sou?

Tem sido um caminho tortuoso. Às vezes repleto de dor, às vezes repleto de prazer, às vezes repleto de um simples marasmo. Pouco a pouco, fui conhecendo um pouco mais sobre mim, sobre o que eu gostava ou não, mas, principalmente, sobre quem eu era.

Naquela época eu não saberia responder, mas hoje digo que, ali, naquele domingo, eu era apenas um garoto assustado, com medo do mundo e das pessoas ao redor. Um garoto que não sabia bem interagir, não sabia se defender, não sabia o que dizer; um alguém que tinha medo de viver e que só queria uma mísera chance para ser feliz.

Ainda me lembro que, naquele dia, ao me olhar no espelho, percebi que eu queria mudar. Eu precisava mudar. Eu queria ser muito mais do aquele garoto quieto que apenas lia um texto qualquer e via o mundo passar ao seu redor. Eu queria ir além. Eu queria poder voltar a sonhar, a sorrir, a tentar ser alguém um pouco melhor. Eu queria ser feliz.

Ali, eu não sabia ainda quem eu era e, muito menos, quem eu queria ser.

Hoje olho para trás com carinho e respeito por tudo o que vivi, todas as lágrimas, todos os risos. Acho que, no final, eu aprendi a não apenas me amar, mas a me acolher, a me ouvir, a sentir o que eu precisava e, também, o que eu queria.

Agora, ao olhar no espelho, sou capaz de sorrir por simplesmente ser quem eu sou.

Como foi bom poder renascer mais uma vez naquele dia.

Como foi bom reaprender a viver.

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