Sentimento #012 – Sobre a Incerteza do Amar
“Mas algo realmente se intrometera entre
eles, um véu indefinido e vago que não queria se dissipar; talvez houvesse
crescido lentamente durante a longa separação, dia após dia, afastando-os, sem
que nenhum dos dois soubesse.”
– Dino Buzzati (em O
Deserto dos Tártaros)
Acho
terrível esse mito criado sobre o amor e a sua onipotência. Parece que tentam,
a todo custo, colocá-lo num pedestal, como um santo imaculado – sagrado. Ao meu
ver, o amor não é onipotente. Pelo contrário, é através dele que conseguimos
enxergar toda a nossa impotência diante do mundo.
Não é
tudo que podemos controlar, muito menos o amor, muito menos aquela pessoa que
amamos.
O amor,
assim como nós, é mutável, capaz de se transformar não apenas nas mais diversas
formas de amor, mas também em outros sentimentos. O amor não é necessariamente
eterno ou forte o suficiente para superar o tempo e a distância. Cada forma de amar
é única em sua pura existência.
Ao amor
não cabem comparações, medições, estimativas e, muito menos, certezas.
Acho que
é por isso que acredito que amar alguém seja como dar um tiro no escuro com os
olhos vendados. Talvez haja um ou mais alvos, talvez essa bala nunca acerte
algo.
Amar é a
maior expressão da coragem que pode existir.
Amar é arriscar e não necessariamente acertar. Afinal de contas, o amor não vive de erros e acertos, mas da sua única, simples e fantástica existência.
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