Medo de Amar
Não
sei o que me deu, mas hoje comecei a pensar que talvez eu não seja mais capaz
de amar. Acho que, com o passar dos anos, com as decepções que vivenciei, fui
me tornando um pouco mais frio. Não que essa “frieza” seja uma ausência de sentimentos,
mas como se fosse uma mera incapacidade para confiar ou gostar, como se
houvesse um medo latente de passar por tudo o que já passei.
Eu sei
que estou errado. Sei que as pessoas são diferentes e que nem todas são necessariamente
ruins. Porém, mesmo assim surge um medo, algo que parece me paralisar e que me
impede, até mesmo, de simplesmente tentar. Eu não consigo seguir em frente e
não há nada que me prenda ao passado, como uma paixão mal curada ou uma
história mal resolvida.
Acredito
eu que, quando nos apaixonamos, há uma tendência a ter não apenas expectativas,
mas também medos e inseguranças. É como se, em mim, as expectativas deixassem
de existir e houvesse apenas o resto... Uma angústia que me impede de tentar,
que me impede de seguir em frente. É como se eu tivesse vivido em um terrível
ciclo entre a paixão e a decepção várias e várias vezes até que um exausto eu
desistisse de simplesmente tentar.
Talvez
houvesse, durante esse período – e aqui falo com toda a minha possível
humildade -, um grotesco erro embalado pelas histórias de amor com as quais eu
sonhava viver. Havia uma forte dose de ilusão de que cada tentativa seria a
última e que, ali, eu começaria a viver o meu “felizes para sempre”. Inúmeras
expectativas criadas, sonhos elaborados, falsas esperanças criadas por mim
mesmo numa tentativa de imaginar que o futuro seria tão belo como as histórias
que um dia eu amei ler. Somado a isso, insira uma ou duas ou três pessoas
escrotas, que possam ter se aproveitado isso e voilá... Foi criado um ciclo vicioso, mantido e protagonizado,
principalmente, por mim.
Acho
que, na verdade, essa minha dita “incapacidade de amar” seja, nada mais, nada
menos, do que o meu medo de criar essas novas expectativas fantasiosas que,
querendo ou não, talvez nunca se realizem. O sonhar exagerado foi o que me fez
temer o amor. Não as pessoas pelas quais eu me apaixonei – embora algumas
tenham suas parcelas de culpa – e, muito menos, o amor em si.
No fim
das contas, acredito que eu tenha precisado reaprender a amar, a encontrar uma
nova forma de vivenciar uma paixão na simplicidade do aqui-agora, tentando não
criar tantas expectativas, tantos sonhos e ideais que provavelmente ficarão
apenas na imaginação. Acho que, talvez seja isso. Talvez o meu medo de amar
seja justamente pela certeza de que, mais cedo ou mais tarde, ele um dia irá se
findar; de que, não importa o quanto eu sonhe, a realidade será sempre
diferente.
E que
bom.
Os amores reais são mil vezes melhores de se viver.
Comentários
Postar um comentário