Um Novo Ano


Sempre que um ano começa, tento não criar muitas expectativas. Acho que é uma forma de evitar frustrações maiores, deixando as coisas rolarem sem que eu me precipite com planos e sonhos quase impossíveis. Trata-se de uma tentativa de viver o hoje, sem tentar me prender tão fortemente ao passado ou ao futuro, mas não de uma forma irresponsável. É um viver aos poucos, com um passo de cada vez.

Nunca fui o tipo de pessoa que, após a virada do ano, faz promessas impossíveis. Na verdade, sempre gostei de ser surpreendido com o que quer que estivesse pela frente. Talvez houvesse, nessa atitude, uma esperança disfarçada de que tudo pudesse melhorar ou um medo em estabelecer metas que eu, talvez, não fosse cumprir.

A verdade é que, iniciar um novo ano, pra mim, nunca foi sobre uma mudança drástica, como se o ano anterior fosse simplesmente apagado e reduzido ao passado. Quando os ponteiros do relógio marcam a meia-noite, nem tudo fica para trás. Nem tudo é apagado. Nem tudo muda. 

A chegada de um novo ano sempre me foi vista como uma tentativa de recomeçar, de avaliar os meus erros e acertos, de tentar seguir em frente, de encontrar novas maneiras de viver. Trata-se não de uma esperança de que tudo vá simplesmente mudar de uma forma milagrosa ou por conta dos signos, dos astros, do que quer que seja. É mais um processo de autoavaliação em que eu mesmo sou o responsável pelas escolhas do que está por vir.

Quando um novo ano se inicia, continuamos os mesmos. Talvez com algumas horas a mais de vida, algumas experiências a mais... Porém, ainda continuamos a ser quem éramos no dia anterior. Quando um ano se finda, ele deixa conosco as suas marcas, as suas histórias, as suas lembranças – sejam elas boas ou ruins. Iniciar um novo ciclo não se trata apenas da idealização de que tudo vá, milagrosamente, mudar, mas de uma tentativa nossa de simplesmente tentar, com tudo aquilo que temos, com toda a nossa bagagem, com todas as nossas esperanças e sonhos, fazer com que aquele novo ano seja melhor do que os que vieram antes. Às vezes conseguimos, às vezes não. Porém, o que importa é a simples tentativa de viver cada ano como se ele fosse o último das nossas vidas, buscando não apenas a nossa felicidade, mas também lidar com tudo aquilo que surge da melhor forma possível.

Iniciar um novo ano é uma simples recarga de energia que nos impulsiona para o novo, para o que ainda resta das nossas vidas. 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A Resposta da Ninfa ao Pastor – Walter Raleigh

Sentimento #016 – O Significado do Amor