Sentimento #023 – Intensidade


 “Aqueles que enxergam de maneira mais penetrante, sentem mais intensamente e agem mais corajosamente em geral se desgastam e sofrem, porque é impossível que alguém seja extremamente feliz até que sejamos felizes de maneira mais geral.”

– Fritz Perls, Paul Goodman e Ralph Hefferline (em Gestalt-terapia)

Sempre temi a intensidade. Nunca tive a coragem necessária para me jogar de cabeça em algo sem olhar para baixo, sem calcular as probabilidades, sem refletir acerca do que poderia me atingir. Talvez isso soe como covardia – e, talvez, seja –, mas a verdade é que foram poucas as vezes em que consegui ser intenso ao ponto de agir por impulso ou de forma impensada.

Em sua Terceira Lei, Newton afirma que para toda ação há uma reação de mesma força, mas em sentido oposto. Talvez isso funcione com a Física... Com as relações humanas tudo se torna um pouco mais complicado. Não temos como calcular a força ou a intensidade do amor, do ódio, do desejo, do carinho. Quando se trata de seres humanos, surge uma terrível complexidade que é impossível de ser decifrada a priori. Talvez seja por isso que seja tão excitante conhecer novas pessoas, se relacionar com elas. Nunca sabemos em que medida seremos surpreendidos – e, geralmente, esperamos que essa surpresa seja algo positivo.

Acho que prefiro caminhar a passos curtos, conhecendo um pouco as coisas ao meu redor antes de, finalmente, me jogar. No fim das contas, creio que eu não seja covarde, creio que talvez, algum dia, eu possa agir intensamente. A verdade é que somente quem já se machucou por conta da própria intensidade sabe o quão perigosa ela pode ser. 

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