4h da Manhã

 

São 4h da manhã. Lá fora o sol começa a surgir no céu, os carros começam a ser mais frequentes nas ruas. O barulho do ventilador me aquieta – têm sido noites quentes. Dentro de mim, jorra um sangue metafórico que, pela sua intensidade – e pela dor que provoca –, parece ser mais real do que tudo.

Todo mundo já deve ter tido um ou dois momentos de ansiedade ao longo da vida, mas viver com ela de forma frequente é quase como um pedido de socorro constante – como se nada pudesse te fazer parar de pensar, de sentir, de sofrer. A dor que emerge é pelo receio, pelo medo, pelo não saber o que fazer. Uma simples conversa, uma conta a pagar, um trabalho que você esqueceu de fazer... Tudo se torna a pior das tempestades. Parece que vou, pouco a pouco, sendo consumido pela minha própria angústia, pelos meus próprios medos e receios.

As pessoas ao redor dizem para que eu não me sinta assim, alegam também ser ansiosas, mas – de uma forma extremamente milagrosa (ou por uma terrível imbecilidade) –, elas parecem saber uma receita fatal para acabar com essa ansiedade: “não pense”.

Insiram aqui, agora, na sequência dessas palavras lidas por vocês, uma risada irônica e debochada. Por favor.

Como você pode ser capaz de não pensar em algo se o simples ato de tentar tal façanha já é um pensar?

A gente tenta esquecer, evitar, correr, fugir, mas parece que, quanto mais tentamos, mais ela nos consome, mais ela nos devora, mais ela rasga o nosso peito. Ela busca sair.

São 4h da manhã e eu não sei o que fazer. Não apenas com essa ansiedade que, agora, me consome, mas também com os motivos que a causaram.

São 4h da manhã e eu me sinto impotente, como se não fosse capaz de controlar o meu próprio corpo.

São 4h da manhã e o meu corpo – já exausto – parece implorar por algo que me faça esquecer do mundo aqui dentro de mim.

São 4h da manhã e tudo o que eu mais queria, nesse momento, era, simplesmente, esquecer.

São 4h da manhã e eu apenas queria dormir.

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