Sentimento #008 - Sobre as Expectativas
“Alguma
coisa de diferente ainda deverá acontecer, alguma coisa de realmente digno, de
que se possa dizer: agora, mesmo que tenha acabado, paciência”
-
Dino Buzzati (em O Deserto dos Tártaros)
Às vezes parecemos idealizar
tanto o futuro. Parece que aquela esperança desmedida de que “tudo vai ficar
bem” ou que “uma hora alguém chegará” nos tomam por completo, como uma daquelas
maldições de filmes em que as pessoas parecem viver em uma outra dimensão e se
esquecem da realidade. Passamos, então, a viver em função daquela esperança,
com uma ansiedade tremenda que nos consome, nos angustia. E então, muitas
vezes, quando chega o tão esperado dia, nada é como planejamos. Tudo muda.
Acho que, na verdade, é disso
que esquecemos: tudo muda. Um plano que fazemos hoje com outras pessoas talvez
não faça mais nenhum sentido daqui a um tempo. Mudamos constantemente. E então
ficamos com aquela sensação terrível de ver um castelo de cartas desmoronar, de
que não fomos capazes, de que fracassamos...
A verdade é que a única certeza
que temos é sobre o nosso agora. Não podemos mudar o passado, não podemos ter a
certeza de como o futuro será – por mais que nossas expectativas possam, vez ou
outra, condizer com a realidade. Vivemos no hoje e é somente nele em que
podemos agir. Ter esperanças e recordar do passado são coisas incríveis, mas
não quando esquecemos de viver o nosso presente simplesmente para viver em
função delas.
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