Entre Sonhar e Viver


Acredito que, desde cedo, deveriam nos ensinar a lidar melhor com as nossas emoções e as nossas expectativas. Somos lançados ao mundo e, logo depois, sonhos e planos nos são lançados. Parecemos ser forçados a sonhar.

­– O que você quer ser quando crescer?

– Quando você casar, quando você tiver filhos...

E então vamos crescendo, com idealizações de uma vida adulta perfeita. Iremos passar no primeiro vestibular que fizermos, anos depois iremos conhecer a pessoa dos nossos sonhos, ao final da graduação iremos noivar, conseguir um bom emprego, casar, ter dois filhos, adotar um cachorro e então seguiremos assim até o resto das nossas vidas.

Eu demorei um pouco pra perceber que a vida adulta não é tão simples assim. Não conseguimos viver nessa bolha idealizada que nos é imposta. Talvez possa haver quem alcance essa utopia da adultez, mas não acredito que essa seja a regra. Quem sabe seja uma exceção ou, como eu disse, algo simplesmente utópico...

A verdade é que, enquanto crescemos, somos lançados a um mundo real. cruel, onde não somos mais protegidos pelas nossas ilusões e sonhos da infância. Chegamos ao objetivo. Esperamos ser adultos para que, então, possamos viver e envelhecer. Parece que a adultez é tida como um objetivo, a parada final e que, após esse período, seremos apenas como pessoas que descem de um ônibus e seguem rumo às suas casas. O que surge a seguir é uma mera complementação.

Acreditamos que ser adulto é um objetivo, quando, na verdade, não existe um objetivo, um ponto final... Vivemos imensidões, destinos plurais... Somos lançados a um mundo cheio de possibilidades, no qual somos surpreendidos diariamente por coisas boas e ruins.

Crescer nada mais é do que um processo. É como pegar um trem qualquer em uma plataforma qualquer e não saber quando ou onde será o destino final.

E então eu me pergunto – algo que ainda não consegui ter a resposta: e se não fôssemos ensinados a sonhar? Será que a vida seria mais fácil, mais difícil? Será que haveria um viver propriamente dito? E as decepções? Elas continuariam a existir? Acho que, no fim das contas, crescer sonhando é como nos alimentar com pequenas doses de prazer que nos ajudam a tolerar e a suportar as crueldades do viver...

Quem poderá nos dizer o que nos espera ao final?

Entre sonhar e viver, creio que prefiro ter um pouco de cada um dos dois.

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