Entre a Proteção e a Compreensão
Às vezes, sinto a terrível vontade de sumir. É como se eu precisasse, a todo custo, entrar em um casulo e me isolar completamente do mundo ao meu redor. Talvez esse seja um daqueles mecanismos de defesa que criamos ao longo do tempo na tentativa de nos proteger das coisas ruins que acontecem. Embora eu acredite que esse comportamento não seja saudável e que mais cedo ou mais tarde a maioria das coisas continuará ao nosso redor nos assombrando, sinto como se fazer isso me desse a força necessária para seguir em frente... Como o mar que parece recuar minutos antes de uma onda gigante.
Talvez
essa não seja uma boa analogia.
A
verdade é que me isolar tem sido, há um bom tempo, a única saída que eu pareço
ter. É como se seguir em frente fosse difícil, retornar fosse impossível e
viver em meio a tudo o que acontecesse fosse doloroso demais para suportar.
Parece não haver nenhuma outra saída e, na falta dela, eu tento encontrar a que
me cause menos mal. Me isolar surge como a única opção para lidar com um mundo
que parece, cada vez mais, me machucar.
Algumas
pessoas acreditam que isso seja um certo coitadismo, outras pensam ser uma
forma de atrair a atenção, mas a verdade é que as minhas dores – e elas são,
por incrível que pareça, somente minhas – têm sido demais para suportar e eu
pareço não ter mais a força necessária para lidar com elas... O mundo parece
estar doloroso demais e eu... Machucado demais.
É
difícil compararmos as dores alheias com base nas nossas próprias regras,
ditando o que pode ser verdade ou não na dor do outro. Na verdade, eu nem creio
que isso seja difícil, mas penso ser impossível e, talvez, até mesmo cruel. Ninguém
é capaz de sentir tudo aquilo que sentimos e nem mesmo a mais empática das
criaturas será capaz de sentir tudo aquilo que o outro diz sentir. Diante dessa
incerteza, acredito que não haja outra saída a não ser respeitar. Não nos cabe
validar as dores alheias e nem lhes conferir um status de maior ou menor do que
as nossas... Talvez ninguém seja capaz de fazer isso.
Acho
que talvez esse seja o motivo de eu me isolar tanto... É como se fosse um jeito
de me proteger das dores que insistem em me afligir e, também, uma forma de
tentar encontrar um certo valor, até mesmo um significado, em tudo isso o que
sinto. Acho que, no fim das contas, eu fujo mais para me compreender do que
para me proteger...
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