O Sorriso e o Carro
Hoje,
enquanto eu caminhava de volta para casa, comecei a observar um pouco mais o
mundo ao meu redor. Geralmente tento andar com uma trajetória fixa, buscando ir
direto ao meu objetivo, mas hoje parece que a chuva e uma dor insuportável na
perna me fizeram caminhar mais lentamente, observando as pessoas, os carros, as
lojas, as casas, os animais... Tudo parecia ter um brilho diferente...
Eu
estava prestes a atravessar a rua quando percebi um carro se aproximando. Parei
– já que a dor na perna não me faria andar tão rapidamente – e logo imaginei
que aquele motorista fosse seguir o seu caminho, mas não. Ele parou o carro no
meio do caminho e estendeu a mão para que eu atravessasse a rua. Num primeiro
momento, fiquei em choque e, enquanto agradecia ao rapaz e seguia o meu rumo,
comecei a pensar sobre aquela situação, afinal de contas, em um mundo tão
individualista, ver alguém parar o carro para que você possa atravessar a rua
parece ser algo digno de uma crônica meia-boca postada em um site qualquer...
A
verdade é que há muito tempo eu tenho esperado o pior das pessoas. Talvez seja
uma verdadeira descrença na humanidade – ou na bondade humana – ou talvez sejauma
tentativa minha em evitar possíveis surpresas desagradáveis já esperando os
piores cenários possíveis – o que nem sempre ajuda. E então eu estava ali, no
meio da rua, com uma dor na perna, em meio à chuva, em frente a um motorista
que parara o carro para que eu pudesse atravessar. Uma grata surpresa em meio a
um mundo moderno que parece ser tão egoísta – e que talvez o seja em boa parte
do tempo.
Não
sei os motivos que fizeram aquele rapaz parar o carro – se é que houve alguma
motivação por trás daquilo –, mas a verdade é que, com esse gesto, algo pareceu
brotar em mim. Uma leve fagulha de esperança na humanidade que há muito estava
perdida... Uma esperança de que certas doses de amor, afeto e cuidado possam
ser espalhadas sem segundas ou terceiras intenções; gestos feitos apenas pelo
simples querer e nada mais.
Enquanto
eu esperava o pior do mundo ao meu redor, algo tão sutil, tão comum, tão real,
tão humano, foi capaz de simplesmente me fazer sorrir...
Comentários
Postar um comentário