Vida que Segue
Lembro
de ouvir todas as sextas, ou na maioria delas, o querido Chico Pinheiro,
apresentador do “Bom dia Brasil”, dizer seu célebre bordão: “Graças a Deus é
sexta-feira. É vida que segue”... É vida que segue. Como é irônica essa frase,
principalmente por ser uma das maiores verdades e a mais difícil de engolir.
Chico tá afastado da Globo, já é idoso e precisa se proteger do vírus, mas como
eu gostaria de ouvir com o carisma dele “é vida que segue”.
A
vida é um fenômeno estranho. Colocamos tanto significado nessa viagem que
esquecemos que ela passa. Fico me perguntando quantas vezes, nos anos que temos
de vida, tivemos que afirmar que ela seguia em frente, mesmo a contragosto? Com
certeza não dá pra contar nos dedos da mão. Viver é um ato de seguir em frente,
ou melhor, tocar em frente, como já cantava Almir Sater. E vamos tocando, as
dores, os medos, as alegrias, comemorações. Sabemos tocar a vida, cada um da
sua maneira, e continuamos vivos. E quando deixamos a vida, ela segue, sozinha.
Meros atores num palco cheio de gente.
Já
bebeu água hoje? Sentiu ela escorrer pela sua garganta, descendo lentamente e
preenchendo seu corpo? Essa sensação é vida. O vento no rosto quando estamos no
carro e abrimos a janela, é vida. Aquela taça de vinho no fim da noite, uma
pipoca e um filme... é parceiro, é vida. Não quero deixar a vida seguir sem que
eu tire umas lasquinhas do que ela tem pra me dar, mas é escorregadia a danada.
Busco ela em cada segundo e mesmo assim, às vezes, ela me dá uns dribles e
perco ela de vista. Sagaz demais, ou eu que sou lento? Sei não, fica aí a
questão, e enquanto isso... É vida que segue. (Será?)
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