Sentimento #038 – Os Erros Alheios


 “Criticar o erro dos outros é se elevar artificialmente.”

– Monja Coen e Nilo Cruz (em Zen Para Distraídos)

Tenho refletido muito ultimamente sobre a cultura do cancelamento e a necessidade eminente de apontar os erros alheios. Para além da possibilidade de cometermos erros, de nos arrependermos e de mudarmos, parece haver uma necessidade de castigar, de condenar, de anular a existência daquela outra pessoa como uma forma de satisfazer os nossos próprios egos inflados de paladinos das boas atitudes.

Em sua teoria, Freud postula a existência do superego, uma dimensão do nosso aparelho psíquico responsável pelo controle moral das nossas atitudes – e aqui apresento esse termo de uma forma bem crua. Ao que me parece, hoje em dia não estamos mais tão imersos na lógica moralista da sociedade – como era nos tempos de Freud, embora esse modelo ainda esteja vigente. Estamos lançados na cultura da impossibilidade de errar.

Somos observados a todos os minutos. Uma vírgula, uma palavra... Tudo é controlado, observado e passível de condenação. Não trago aqui que certos comportamentos e atitudes não necessitem retaliações jurídicas, mas me parece que ganhamos um poder enorme com as redes sociais: nos tornamos acusadores, juris e executores. Nossos poderes ganharam tamanha proporção que, atualmente, nos julgamos como seres perfeitos, incapazes de errar.

Acho que talvez somente grandes pensadores e pensadoras da Psicologia possam vir a explicar esse fenômeno. Talvez não... A verdade é que me parece que criticar o erro dos outros é mais uma forma de se afirmar, de satisfazer os próprios egos inflados, do que uma mera tentativa de tornar o mundo um lugar melhor.

É como diz minha mãe... De boas intenções, o inferno está cheio.

As redes sociais também. 

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