Raízes

Dia desses, ao mexer em minhas rosas do deserto, reparei algo que me deixou bastante pensativo ao longo do dia. Recentemente, fiz uma poda nelas para que, assim, pudessem crescer um pouco mais, ter novos galhos... Enfim... Para que elas pudessem se renovar. Duas semanas depois, resolvi, então, trocar a terra dos vasos e foi aí que tive uma grata surpresa.

Ao remover uma das rosas do deserto do vaso, notei que a raiz dela estava enorme. Não esperava aquilo, uma vez que ela era uma das menores e que tinha o caudéx bem fino. Em contrapartida, a rosa do deserto mais rechonchuda tinha uma raiz bem pequena. Aquilo me deixou com um sorriso bobo no rosto e com um turbilhão de pensamentos em minha cabeça.

Acredito que, assim como nas plantas, o mesmo aconteça com os seres humanos. Constantemente olhamos para as pessoas ao nosso redor com visões pré-concebidas, com inúmeros achismos e hipóteses que, muitas vezes, acabam nem se confirmando. Por mais que essas pessoas se abram conosco, que mostrem suas vidas no dia-a-dia ou em suas redes sociais, nunca seremos capazes de compreender o que se passa ali dentro, o que aquela pessoa sente, o que viveu, como sentiu o que viveu... Somos incapazes de compreender além das suas folhas e galhos.

Talvez essa seja uma das maiores dificuldades nas relações humanas. Somos incapazes de conhecer alguém profundamente, até as suas raízes afundadas na terra úmida. Talvez isso seja algo bom também... Nos dá aquela sensação de mistério, de algo desconhecido que nos instiga, que nos propulsiona a querer, muitas vezes, conhecer mais e mais alguém. Porém, no fundo, não passamos de plantas espalhadas em um jardim. Cada uma com a sua forma, com as suas folhas, seus galhos, flores e frutos... A diferença é que ninguém jamais será capaz de enxergar as nossas raízes, de nos compreender por completo e, muito menos, de sentir como nos sentimos.

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