Saudades da Estação

Faz um tempo que eu não ando de metrô... mais um dos prazeres que o caos pandêmico me tirou. Mas, um dia desses eu estava deitado na minha cama - provavelmente o mais próximo que eu posso chegar de um metrô imaginário – e comecei mais um dos meus delírios psicológicos, que têm se tornado mais frequentes ultimamente. Sabe quando entramos no trem? Eu sempre procuro um assento que fique na janela, e mesmo quando não acho, meu olhar sempre se direciona à paisagem que passa a 80 km/h, transformando as formas que são conhecidas em alguns borrões distorcidos. É como se o tempo inteiro eu estivesse imerso naquela realidade tão substancial e passageira, e só quando o freio fosse acionado eu perceberia o quão rápido tudo teria passado.

Uma realidade tão intensa e veloz, que é impossível captar tudo que vemos, ouvimos e sentimos...

Mas, e se ao invés de embarcamos nesse trem, sentássemos em um dos bancos da estação? A vida é tão diferente do lado de fora do trem...

Tenho nutrido o hábito de olhar as pessoas pela minha janela – uma das consequências do caos. É engraçado perceber a velocidade do trem de cada pessoa. Umas correm como se fossem perder a próxima estação, outras andam numa calmaria que chega a ser angustiante. A vida passa em velocidades diferentes. Em um tempo onde o sorriso foi obrigado a se esconder, é interessante perceber os encontros nos bancos da praça. Não é só de dentes que se constrói o afeto... Ai, como tem se tornada estranha essa estação. Tantos passageiros, realmente passageiros, vivendo como se estivessem num limbo entre o trilho e a grade de proteção.

Espero voltar logo a sentar na janela do metrô...

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