O Anjo

Queria deixar de lado toda moral e a ética

E me tornar anjo da boca mole

Que não engole,

Que não aceita,

Que não descansa,

Até que o inferno se misture ao paraíso

E inaugure o carnaval.

 

Quero que minha alma seja inteiramente luz,

E que meu ser se levante sobre a escuridão,

Me refazendo em pequenas lagoas azuis,

Das quais seja impossível ver o fundo.

 

Quero ouvir rasgar a minha humanidade crua,

O som da liberdade que me ensurdece.

Quero ver nascer sobre as cabeças,

O sol que queima meus neurônios.

Sentir em minhas narinas

O cheiro amargo de estar vivo.

 

E que meu corpo, podre pedaço de carne,

Somente descanse ao se pôr a última tarde.

Que minhas vidas sangrem,

As palavras que eu escreverei na fria lápide:

 

Aqui jaz o anjo.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A Resposta da Ninfa ao Pastor – Walter Raleigh

Sentimento #016 – O Significado do Amor