O Estranho
José era um homem comum, nem tão
alto, nem tão baixo.
Não era nem branco, nem negro,
nem pardo, nem nada. Mas é claro, que Carlos era alguém. Mesmo que não se
parecesse com ninguém, ao menos a alma de João era de alguém. Várias vezes
passei por Pedro, mas não via Marcos, nem sentia Elias, somente passava por
ele, e estava tudo bem... Ou pelo menos eu fingia que estava. Às vezes eu até
desviava o caminho, por medo, talvez... Ou por culpa, quem sabe...
André, no entanto, era um homem
forte, lutava pela sobrevivência, e pra ele não tinha dia ruim, nem noite ruim,
somente os dias de guerra. Por isso eu admiro tanto Antônio. Cara corajoso.
Mas Hélio também tinha medo, da
chuva, do frio, da fome, do próprio homem... E quantas vezes Luís se
questionou: Onde está Deus? O mesmo Deus que ele ouvia o pastor gritar, o padre
louvar e os tambores do candomblé fazendo festa. Será que esse Deus, deuses,
entidades e todo o aglomerado celeste, não sabia da sua existência? Ou pior,
será que sabia?
Tenha força, Milton, a vida é só
um momento...
Assim como Paulo, várias
histórias vivem nas ruas, dormindo nas calçadas e marquises, nos bancos das
praças e debaixo dos viadutos. Nobres desconhecidos, homens e mulheres de luta,
de chuva e de sol, à espera de um conhecido "cidadão" que lhe atire
esperança, ou pelo menos uma moeda de 10 centavos.
Ali na calçada andam os sonhos,
perdidos numa noite escura, sendo sufocados pelo próprio destino que os fez
surgir. Dolorosa é a caminhada de pés descalços, mas as lágrimas refrescam o
caminho de concreto acinzentado.
Mas afinal, quem é Gabriel?
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