Sentimento #047 – Incomparáveis
“Mas
parece que não consigo atrair a atenção de ninguém. Ninguém à minha volta pare
estar olhando ao seu redor e se perguntando o que deve fazer. Por que é que eu
me sinto a única pessoa que está perdida, preocupada com as escolhas que fez e
com as direções que tomou? Para onde quer que eu olhe, vejo as pessoas seguindo
a vida adiante. Talvez eu deva apenas fazer o mesmo.”
–
Cecelia Ahern (em Simplesmente Acontece)
É desesperador olhar ao redor e
se sentir deslocado, como se tudo parecesse seguir em frente, exceto você. Já
me senti assim algumas vezes na vida, em especial quando concluí o ensino
médio. Vi todos os meus amigos irem embora, seguindo em frente com as suas
vidas. Por mais que ficar na mesma cidade fosse, acima de tudo, uma escolha
minha, havia uma sensação de ter ficado para trás, como se eu tivesse
estagnado, parado no tempo.
Tive um sentimento similar há
alguns anos. Antigos amigos começaram a casar, a ter filhos, a levarem suas
vidas de adultos responsáveis e – aparentemente – felizes, exceto eu. Mais uma
vez tive aquela sensação de não estar fazendo coisas que as pessoas da minha
idade costumam fazer. É desesperador sentir que você não se encaixa a um
determinado padrão, mas acredito ser extremamente cruel se forçar a caber
neles.
Somos incomparáveis. Compreender
isso foi fundamental para que eu parasse de me cobrar tanto, de me exigir
tanto, de desejar fazer as tais coisas que as pessoas da minha idade têm feito
e, principalmente, me ajudou a aceitar quem sou. Somos únicos, com trajetórias
únicas que, sob hipótese alguma, devem ser medidas pelas réguas alheias ou pelo
que os outros esperam de nós ou pelo que achamos que devemos fazer aos vinte,
trinta, quarenta anos e por aí vai.
A verdade é que não é fácil se desprender do mundo lá fora e de tudo aquilo que esperam de nós. Acho que nem mesmo eu, com toda essa reflexão, me vejo livre de tais amarras, de tais rótulos. No fim das contas, tenho escolhido apenas viver, um dia de cada vez, tentando alcançar apenas aquilo que eu desejo para mim, o que vai me fazer feliz. Quanto aos outros? Eles que cuidem de suas próprias histórias.
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