Riscos
Um
dia desses me peguei de frente como o meu maior inimigo: a folha em branco. Não
há nada que assuste mais um artista do que algo em branco. Seja papel, seja
tela de pintura, ou a tela do computador. O branco me assusta. São zil
possibilidades e nenhuma criatividade para compor aquela imensidão. Aí então
começa o desespero de sempre.
Literalmente,
deu branco.
Fechei
os olhos, posicionei o lápis num ponto qualquer do assustador papel e deslizei
a ponta, ainda com os olhos fechados por todo espaço, até então vazio. A folha
foi se preenchendo com traços aleatórios, ora quebrados, ora em uma linda linha
contínua que fazia voltas e mais voltas. Abri os olhos, no papel não havia nada
além de riscos. Eu tinha me arriscado a riscar o papel e o riscos me fizeram
enxergar que o primeiro passo para qualquer coisa é exatamente “o risco”.
Vamos
agora para a reflexão filosófica: Não existe essa de estar preparado para algo.
A todo momento a gente se arrisca e corre os riscos pelo papel branco que a
vida nos dá. Eu acordo de manhã (as vezes não tão de manhã assim) e já começo a
me arriscar. E quando vou dormir, durmo correndo riscos. Tá, não vamos ser
assim tão pessimistas, mas é a mais pura verdade. A vida é se arriscar
constantemente, e isso é assustadoramente delicioso, afinal quem nunca quis
estar em filme de ação estilo Rambo?
Enfim, risquei o danado do papel inteiro, e fui deitar com um papel riscado e uma reflexão filosófica. Durma com esse barulho e diga que dormiu bem. Se arrisque, faz bem pra saúde!
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