Sobre o Medo de se Lançar


Eu sempre tive medo de altura. Não pela altura em si, mas por deixar alguma coisa cair. Irracional ou lógico, esse sempre foi um dos meus maiores medos. Era raro que eu me aventurasse em montanhas, cachoeiras e teleféricos. Ainda hoje tenho esse medo e é, às vezes, bem complicado lidar com ele.

Esses dias parei e fiquei refletindo o quanto esse medo de perder algo em lugares altos me privou de viver algumas experiências que eu, hoje, nem vou saber dizer se teriam sido boas ou ruins (justamente por não tê-las vivido) e o quanto isso diz sobre mim e minhas inseguranças. Eu tenho medo de me lançar. Tenho medo de que, na subida pra um patamar mais alto da minha vida, eu acabe perdendo coisas que eu considero importantes no caminho. Mas essa é a ideia de evolução: perder para ganhar.

Esse paradoxo das escolhas é tão assustador que as vezes nos deixa imóveis. Sem nem seguir, nem retroceder, estamos parados na famosa zona de conforto. A bolha que essa zona cria ao nosso redor, quentinha e acolhedora, não permite ser furada com tanta facilidade – e, aqui para nós, quase nunca queremos furá-la. E essa imobilidade proposital que vivemos pelo medo de nos arriscarmos a viver novas possibilidades nos priva do autoconhecimento e gera a ansiedade e a insegurança que preferimos suportar ao invés de enfrentar.

Lançar um anzol de pesca significa perdermos a isca. Às vezes pescamos algas, ou a isca se vai e o anzol fica vazio, mas as vezes pescamos peixes grandes ou até itens valiosos (não duvidem dos pescadores!). Nunca saberemos o que virá quando lançarmos o anzol, mas teremos sempre a certeza que, sem lançá-lo, nunca pegaremos um peixe.

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