Houve um Tempo

Houve um tempo em que eu nada sentia. Meu coração não batia. Eu nada vivia. Era como se eu apenas existisse em meio à imensidão do universo, como uma estrela solitária rodopiando entre as galáxias. Nada parecia me atingir, nada parecia me ferir, mas o oposto também não acontecia. Eu fingia viver.

Houve um tempo em que o meu coração se enrijeceu. Os sentimentos pareciam sequer existir em mim. Não havia luz. Não havia nada de bom que pudesse acontecer. Eu olhava em frente e enxergava o nada, um vazio escuro e infinito. Em contrapartida, eu parecia ter me tornado uma máquina, um robô aperfeiçoado que tentava, a todo custo, reparar as próprias peças e fazer qualquer coisa para fingir existir.

Houve um tempo em que eu parei de acreditar no amor. Eu o enxergava apenas como uma ilusão, uma fantasia inventada para nos enganar. Algo que jamais pudesse se concretizar diante de mim... Eu não acreditava nas histórias que ouvia, enxergava o pior no mundo ao meu redor. Eu fingia sentir.

Houve um tempo em que, por algum motivo, eu voltei a sentir. O meu coração pareceu pulsar novamente. Eu acreditei no amor. Em meio a isso, o mundo parecia diferente. Ele tinha cor, brilho... Tudo parecia acontecer de uma forma singular... Ou melhor, tudo de bom parecia ser capaz de acontecer. Eu sorria feliz ao olhar para a imensidão do universo; me sentia livre, chorava, sorria, vivia... Tudo era possível.

Hoje pareço voltar um pouco ao passado. Nada pareço sentir, meu coração tem se enrijecido cada vez mais e o amor... Não sei se ele é capaz de existir. Talvez, um dia, ao acordar, eu seja capaz de sorrir, olhar ao meu redor e sentir tudo de bom que pode acontecer... Talvez eu olhe para as estrelas e me sinta flutuando em meio à imensidão do universo... Talvez eu seja capaz de sorrir para as flores, para os pássaros e para todo o resto... Hoje nada disso parece fazer sentido. Hoje pareço estar em meio a um cômodo com as luzes apagadas, sem a dimensão do que passou, do que existe e do que ainda virá a ser... Hoje a escuridão me acompanha, tal qual ela o fez há alguns anos... Talvez, agora, tudo o que eu precise é apenas de um motivo, um simples motivo, para voltar a sentir... Para voltar a viver.

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