O que Ofertamos ao Mundo

Tenho pensado bastante sobre mim nos últimos tempos. Acredito que talvez seja uma reverberação da terapia... A verdade é que, por muitos anos, eu tentei evitar a pensar em mim. O que eu sentia, o que eu fazia, o que eu desejava, o que eu temia, o que me machucava, o que me excitava... Nada daquilo parecia ter valor. Ao menos não para mim.

Tudo começou com uma leve reflexão sobre os meus sentimentos, depois parti para o que sinto pelas pessoas ao meu redor, para o que elas sentem por mim, para como me sinto diante do que elas sentem por mim... Enfim... Uma reflexão bem aprofundada que me fez pensar bastante sobre como somos vistos no mundo e sobre como o enxergamos também.

Eu sempre tentei ofertar o meu melhor aos outros. Não que eu seja um alecrim dourado, um anjo de candura ou algo do tipo. Pelo contrário. Errei, erro e continuarei errando. Errar é algo natural – e perceber isso me foi extremamente perturbador (e satisfatório)! Dá uma certa paz se perceber como alguém capaz de errar, de acertar; alguém que é capaz de tentar remediar os seus erros e, até mesmo, evitá-los quando possível. Nunca desejamos errar, principalmente quando isso nos leva a magoar alguém. Porém, isso é inevitável.

Foi aí, nesse ponto, que comecei a pensar sobre como as pessoas me tratam, como elas me enxergam. Ao começo desse ano, minha mãe me disse uma frase que me fez compreender muitas coisas: nós ofertamos aos outros aquilo que temos. Seja amor, raiva, mágoa, inveja... Qualquer que seja o sentimento... Nós acabamos levando ao mundo aquilo que recebemos e alimentamos em nós.

Isso me fez perceber que, muitas vezes, as pessoas nos tratam mal não necessariamente por sermos ruins, por termos as machucado ou por não sermos o suficiente... Mas sim porque elas não têm nada melhor a oferecer. Elas sabem apenas ferir. Nada mais.

Por mais que eu não receba do mundo tanto amor, por mais que a vida não seja, para mim, um mar de flores ou algo perfeitamente idealizado... Há um tempo percebi que, mesmo que tudo ao meu redor esteja desmoronando, eu tento espalhar o amor, a gentileza... Aquele velho discurso de “fazer a minha parte” pelo mundo que quero ver...

Não há nada melhor do que ver um sorriso de gratidão em meio a um dia corrido, ou um simples aceno de alguém que você, em um dia qualquer, ofereceu uma ajuda no meio da rua... Não falo dessas coisas em um tom narcisista, como se elas fossem me engrandecer. Falo pela satisfação encontrada, por mim, de saber que, mesmo que por um momento, eu fui capaz de transformar a vida de alguém ou de, simplesmente, lhe arrancar um sorriso bobo em meio ao caos da vida cotidiana.

É óbvio que nem sempre sou capaz de trazer somente coisas boas para as vidas das outras pessoas. Sei também que esse caminho é extremamente sinuoso e perigoso, que posso me machucar inúmeras vezes caso eu continue a esperar das outras pessoas aquilo que eu faria em determinadas situações... Porém, acho que é como a minha mãe disse... Damos ao mundo aquilo que temos. E por mais que eu não ande em um dos melhores momentos da minha vida, prefiro continuar a espalhar o amor... Custe o que custar. Afinal de contas, não há nada melhor do que um sorriso arrancado ao acaso em meio ao caos da vida cotidiana.

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