Sentimento #054 – Sobre o Desejo de Sermos Vistos
“É
injusto não ser vista.
É
injusto não saber que também tenho coisas dentro de mim.”
–
Série “Solos” (Episódio 1X03)
Acho que, no fundo, todos nós
queremos ser vistos. Na verdade, acredito que somos ensinados a isso desde a
infância. Lembro das vezes em que algumas crianças vieram me mostrar –
extremamente empolgadas – algo que elas conseguiram fazer. Seus rostos eram
carregados de uma energia vibrante, uma alegria descomunal... Às vezes, aquilo
era algo tão simples, tão sutil; mas, para eles, parecia significar muito mais.
Parece que crescemos esperando
os olhares do mundo. Buscamos os olhares de aprovação dos nossos pais e
familiares, depois parecemos buscar a aceitação dos nossos amigos, daqueles por
quem nos atraímos ou, até mesmo, por aquelas pessoas pelas quais nos
apaixonamos. Buscamos fazer o certo, agir conforme o esperado.
Porém, muitas vezes, nesse
trajeto, acabamos por nos machucar. Enquanto tentamos fazer com que os olhares
externos nos vejam, acabamos por não olhar em direção a nós mesmos. Esquecemos
dos nossos desejos, das nossas vontades... E acabamos por seguir um caminho
doloroso e, até mesmo, cruel. Tudo isso em nome do nosso desejo de sermos
vistos...
Ao longo da vida, fui aprendendo
– de uma forma bastante dolorosa – que não adianta desejarmos apenas esses
olhares. De nada vale seguirmos os desejos alheios e acabarmos sacrificando as
nossas próprias vontades... Talvez, assim, consigamos muitas pessoas ao nosso
redor, mas, ao olharmos para nós mesmos, quando estivermos sozinhos em nosso
quarto tarde da noite, encontraremos apenas um vazio, uma angústia sem fim...
Talvez os olhares externos sejam valiosos e tenham a capacidade de nos motivar,
de nos trazer pequenas doses de alegria, mas acredito que valha mais à pena
ganharmos esses olhares sendo quem realmente somos...
De nada adianta criarmos um personagem que agrade o mundo ao nosso redor quando, na verdade, não somos nada parecidos com aquela figura criada por nós. Talvez seja muito melhor mostrarmos os nossos verdadeiros Eus e, assim, conseguir não apenas os olhares admirados dos nossos amigos, amores e familiares, mas, principalmente, o nosso próprio olhar... Olhar para si, se reconhecer e se enxergar feliz talvez me pareça a melhor opção...
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